Em uma matéria de sua página na internet, a UBES, União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, defende que as manifestações contra o governo golpista sejam feitas de forma doméstica além de tecer também críticas bastante ingênuas ou conservadoras ao governo Bolsonaro. Em um de seus tópicos, por exemplo, fala sobre o atual ministro da educação, Luiz Henrique Mandetta: “Quando finalmente tem um ministro com recomendações técnicas, alinhadas com especialistas do mundo todo o governo reclama da falta de ideologia.” Este mesmo sujeito que foi favorável à PEC do teto de gastos além do impeachment de Dilma Rousseff seria esse tão recomendado que a UBES se refere…
No entanto, aqui o que é mais relevante a se tratar é a política do “fica em casa” endossado pela própria UBES e outras organizações.
Em meio a pandemia do COVID-19, popularizou-se o discurso da “responsabilidade” de ficar em casa como forma de quarentena. popular, naturalmente entre o espectro da classe média, uma vez que ao trabalhador pobre isso é impraticável. Se antes a direção e a vontade política do governo golpista era arrochar a condição de vida dos trabalhadores, ele vê na pandemia uma saída para asfixia-los ainda mais rapidamente. Esperar em quarentena no momento é condenar pacificamente o brasileiro pobre á miséria.
Os “panelaços” e gritos das diversas casas pelo país servem talvez como termômetro para a situação, uma vez que a palavra de ordem “Fora Bolsonaro” finalmente se tornou a principal reivindicação, mas sua contundência política é amena ou nula e facilmente dobrável pela burguesia. Para que o processo de impeachment de Bolsonaro ocorra pelas mãos da própria direita, o que seria nocivo, e que a direção siga da forma como está, é um pequeno passo.
As aproximações sucessivas dos aparelhos de repressão se tornaram galopantes e ameaçam blindar gradualmente o governo enquanto as pessoas são convencidas a ficar em casa, a polícia reprime violentamente aglomerações e controla a inda e vinda da população sobre seu próprio pretexto.
Organizações de massa, como a CUT, PT, UNE e etc., tem o poder de organizar amplamente os setores da classe trabalhadora e estudantil, no entanto lhes falta justamente a vontade política para tal. Aguardar a pandemia, prevista de forma otimista para acabar em seis meses, é esperar que Bolsonaro, Witzel, Doria, Zema, Ajax, Heleno e outras figuras “democráticas”, para não citar todas, cuidem da saúde pública.