Em declaração no seu site oficial, a UBES, organização estudantil que representa os secundaristas brasileiros, lançou nota em relação a política seguida pelo governo Bolsonaro em relação ao ENEM e a campanha “Adiam Enem” lançada pelas entidades estudantis.
A organização destaca o fato de que, durante a pandemia, o ministro da educação, Weintraub, esteja ignorando toda a situação e mantendo a data do ENEM, por considerar factível, graças ao fato que esta é uma prova entre “competidores”. A entidade, como resposta, apresentou a solução para este problema sua campanha, o “Adia ENEM”.
Contudo, além de lançar uma política irrisória para situação, a organização ainda por cima faz uma critica, no mínimo estranha, de que são contra “cancelar” ou “acabar” com o ENEM. Nesse sentido, fica claro que para as direções da organização, o fato de termos um sistema extremamente filtrado e de privilégios para aqueles que almejam um ensino superior, não em si um problema. Toda questão manteria-se no fato de que os estudantes precisam de mais tempo para estudar.
Esta política levada a frente tem dois grandes problemas, um ligado diretamente a crise econômica e a pandemia, e outra, baseada em uma política democrática geral. No primeiro caso, vemos que pelas declarações da entidade, não há interesse algum na mobilização.
A campanha “Adia ENEM”, que aqui não faremos exacerbadas críticas pois, isoladamente, é nada mais que um discurso vazio, um meio de impulsionar a campanha nas redes sociais.
Dessa forma, é perceptível que não há de fato iniciativa alguma para tornar esta campanha uma realidade. A UNE e a UBES, retém-se às redes sociais, subindo hashtags como esta fosse o maior nível de combatividade para o momento, seguindo é claro, a campanha da imprensa burguesa, em prol do “isolamento” e contra as manifestações.
Assim, a UBES declara em seu site, “façamos uma aglomeração online”, declarando que neste dia 15, os estudantes iriam realizar mais um “grandioso” dia de luta, a exemplo das manifestações que explodiram no Brasil há um ano. Esta política é um completo absurdo para o momento de forte ataques que vivemos, e serve meramente aos interesses da burguesia.
Já o outro ponto, diz respeito a questão democrática em si. O direito ao ensino superior, caso realmente levemos em conta que “educação é um direito para todos”, deveria claramente ser aberto para todos os cidadãos.
Nesse sentido entramos em uma discussão absurda. As organizações que defendem os estudantes não defendem que todos os estudantes tenham direito a acessar uma universidade, mas sim, os vestibulares que filtram os participantes e colocam apenas um setor privilegiado no meio acadêmico.
Esta campanha feita pelas entidades, tornam-se assim meras palavras que não representam política alguma em prol dos estudantes. A comunidade acadêmica precisa ser organizada e mobilizada, para assim exigirmos o que nos é de direito: universidade aberta para todos.