Nessa sexta-feira (28) o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) decidiu por unanimidade proibir transmissões ao vivo dos candidatos às prefeituras municipais e à vereança. A decisão partiu do TSE, passada antes pelo Ministério Público e protocolada pelo PSOL. O pretexto para a proibição é que, segundo a legislação antidemocrática, são proibidos os showmícios, e a consideração do judiciário é de que tais atividades virtuais seriam análogas. A proposta foi aprovada com muito ânimo por todo setor da burguesia.
Primeiro que a consideração do órgão “superior” da eleição já é antidemocrática por si só. Basta notar que não houve nem sequer uma discussão a respeito do quão absurda é a decisão, o que teve foi uma comparação muito mal feita, arbitrária, sobre “esta lei se apoia naquela lei” e pronto. A comparação com a lei que supostamente, com muita ênfase nesse suposto, “proíbe” os considerados showmícios é arbitrária, aberrante e ditatorial.
É preciso dizer, antes de qualquer coisa, que a própria proibição dos ditos showmícios já é uma arbitrariedade, pois a Judiciário não tem que se meter nos assuntos que são questão única e exclusivamente da organização da classe operária contra o patronato. Mas pior que a norma vigente anteriormente, que tentava sufocar os sindicatos, é assa releitura ditatorial: a proibição de lives dos candidatos em período eleitoral é um duro golpe na esquerda de conjunto. E precisa ser denunciado como tal.
Essa decisão não irá prejudicar a direita, porque ela aparece nos grandes canais de televisão. Coisa que a esquerda é excluída de participar desse debate público, dentro do ambiente que pertence a grandes famílias que conservam o privilégio de ter um monopólio de informação sobre o seu domínio. Como a internet é um espaço minimamente mais democrático, a direita quer adentrar com sua legislação censuradora dentro desse espaço, já que quanto maior o debate de ideias da esquerda na internet, maior a desestabilização de seu regime político golpista que se encontra em uma gigantesca crise. É aí que a censura é necessária para a direita, e na medida em que se aproximam as eleições anda em passos largos.
Nessas condições, a fraude se escancara e não há a menor possibilidade de uma vitória eleitoral da esquerda em nenhum sentido. Com esse cerco completamente fechado, com o avanço do golpismo, o ataque dos bolsonaristas na internet e fora dela demostra claramente que os ganhadores da fraude serão única e exclusivamente os candidatos da burguesia, do regime político, do golpe de Estado. Com manobras ditatoriais como essa, que impede o debate democrático, fica claro que essas eleições serão tal como as eleições da República Velha, na base do cabresto.
De forma que a única saída para a esquerda é uma saída na base da mobilização popular. Não existem eleições no Brasil, a esquerda não deve referendar essa farsa e deve, pelo contrário, denunciar o jogo que cartas marcadas que irá manter Bolsonaro e sua junta de militares no governo. É preciso sair às ruas por fora Bolsonaro, Eleições gerais já e principalmente lutar por uma unidade da esquerda em torno da candidatura de Lula, única força política capaz de mobilizar amplas massas contra o golpe de Estado.