O truque da burguesia nas eleições: a esquerda está disposta a aceitar qualquer coisa para impedir Bolsonaro

No dia 29 de setembro, a burguesia conseguiu pôr em prática uma de suas manobras mais importantes desde 2016: a unificação de diversos setores em torno da campanha contra Jair Bolsonaro. Em pouco tempo, praticamente toda a esquerda nacional e vários setores pró-imperialistas da burguesia entraram de cabeça na demonização de Bolsonaro e começaram a utilizar a hashtag #EleNão.

A manobra da burguesia consiste justamente na confusão. Uma vez que Bolsonaro é apresentado como uma figura única, o maior de todos os males, a esquerda se vê obrigada a se juntar com setores tão ou mais nefastos que o próprio Bolsonaro na tentativa de derrotá-lo eleitoralmente.

Apesar de seus discursos espalhafatosos, Bolsonaro não é nada se não tiver o apoio dos latifundiários, dos banqueiros, dos industriais e da burguesia em geral. Por isso, a política de ignorar setores como o PSDB, Rachel Sheherazade etc. e atacar única e exclusivamente Bolsonaro é um suicídio político.

A campanha do #EleNão tem levado a consequências desastrosas para a esquerda. Fernando Haddad abraçou o discurso da “união antibolsonaro” e está permitindo sua candidatura perder, cada vez mais, suas características esquerdistas.

Recentemente, Haddad falou que o PT apoiaria qualquer candidato que disputasse contra Bolsonaro. E é justamente essa política que tem levado a direita se fortalecer mais.

“Apoiar qualquer candidato” nunca foi a política da classe operária. Afinal, os trabalhadores não estão dispostos a servirem de trampolim para oportunistas e carreiristas. Por isso, a única política que faz sentido nesse momento é a luta contra o golpe, a mobilização revolucionária dos trabalhadores pela liberdade de Lula e contra os golpistas.

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