Uma segunda denúncia de um funcionário de Inteligência do Estado norte-americano pode complicar mais a situação do presidente dos EUA Donald Trump. No Congresso, Trump enfrenta um processo de impeachment, denunciado por ter pedido a um governo estrangeiro que interferisse em assuntos domésticos dos EUA. Uma ligação mostra Trump pedindo ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, para que investigasse o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho, Hunter Biden, por suas atividades no País. Biden é pré-candidato do Partido Democrático, rival de Trump, à Casa Branca.
A segunda denúncia que aparece agora reforça a primeira. Essa segunda denúncia que aparece agora ainda não foi analisada pelo Congresso, mas já tinha surgido em 12 de agosto, quando um funcionário de Inteligência, que permanece anônimo, apresentou uma queixa ao Inspetor Geral de Inteligência reclamando de que Trump estaria usando um governo estrangeiro para interferir na política dos EUA. Dessa forma, a situação de Trump ficou mais delicada e o impeachment tornou-se mais provável.
Impeachment ou eleições?
Este jornal colocou desde antes de o governo Trump assumir que o impeachment era uma possibilidade real no cenário político dos EUA. A análise que levava a essa conclusão permanece pertinente na atual conjuntura: Trump não era o candidato da ala mais importante do imperialismo dos EUA. Ele representava uma ala mais fraca desse imperialismo, e entrou no governo por causa de uma crise política, que levou os donos do regime político a perderem o controle da situação, e a perder o controle do aparato partidário do Partido Republicano, em que Trump conseguiu impor sua pré-candidatura.
Portanto, tratava-se de um governo com contradições com o setor mais forte do imperialismo. O que levaria esse governo a ter políticas contraditórias e a ser um governo de crise, sob permanente ameaça de ser substituído. O fato de que a principal burguesia imperialista do mundo perdeu o controle sobre seu regime político mostra o nível de crise a que o mundo inteiro foi arrastado, reflexo da crise capitalista e de sua nova etapa, a partir de 2008.
Agora o regime político tem dois caminhos possíveis para se livrar de Trump. Pode ser por meio das eleições, tornando sua candidatura inviável à medida em que ele é desgastado durante um processo de impeachment, ou pode ser de fato pela retirada do presidente de seu posto por meio de um impeachment. Nos dois casos a crise pode ter desdobramentos imprevisíveis, e a crise política pode continuar, apesar das tentativas de manobra da burguesia que comanda o regime.