A assembleia geral da ONU mal começou e já reflete a crise internacional que está se agravando. Os insultos trocados pelo presidente, ultra-reacionário, dos Estados-Unidos, Donald Trump, e o 7° presidente do Irã, Hassan Rohani, refletem essa situação. A briga entre estes 2 países vem tomando proporções extraordinárias, inclusive revelando a crise dentro do próprio imperialismo.
Segunda-feira (24/09) foi anunciado pela imprensa de que a União Européia (UE), a Rússia, a China e o Irã estavam iniciando um esquema para burlar as sanções impostas pelos Estados Unidos, de Donald Trump, que representa um setor frágil do imperialismo norte-americano. A proposta é de passar por cima das transações com o dólar americano e criar uma câmara de compensação para usar o próprio petróleo como maneira de realizar trocas.
Quer dizer, a UE, controlada pelos principais países imperialistas, como França, Alemanha, Inglaterra, junto com os principais países em desenvolvimento no planeta, China e Rússia, estão passando por cima de uma das decisões do próprio Estados-Unidos, desmascarando a imensa crise vivida pelo imperialismo norte-americano. O fato de a Rússia e a China estarem arrumando um jeito de se relacionarem com o Irã não é novidade, mas o fato de o imperialismo não achar uma unidade para a questão do Irã é que revela o tamanho do problema.
De fato, o que acontece é que o próprio imperialismo norte-americano – ou melhor, seu setor mais forte, que lançou Hillary Clinton como candidata contra o Trump – está contra a política de sanções contra o país do Oriente Médio, já que consideram que diante das dificuldades que têm enfrentado é melhor manter o acordo nuclear do Irã, estabelecido em 2015, que em si já é uma maneira de atacar a soberania iraniana, já que reduz a capacidade de geração nuclear do país.
O governo Trump não consegue manter estabilidade. É um governo em crise, já que sua política não é a defendida pela principal ala do imperialismo. Nesse sentido, se assemelha a um eventual governo de Jair Bolsonaro no Brasil – um governo que seria extremamente frágil e não teria apoio do capital financeiro, como vem demonstrado a imprensa deste setor que está levando a campanha do #EleNão, em apoio ao candidato do PSDB, Geraldo Alckmin.
Na reunião da Organização das Nações Unidas (ONU), a crise do governo Trump ficou ainda mais clara. Depois de haver fortalecido sua opinião de que eram necessárias sanções contra o país islâmico e feito diversos ataques contra o país, chamando o regime iraniano de “ditadura corrupta que semeia o caos, a morte e a destruição”, o presidente do país que mais assassinou, casou crises e destruiu povos no mundo foi respondido com a crítica de diversos líderes internacionais, de países oprimidos, mas também de países imperialistas.
O presidente francês, Emmanuel Macron, um importante representante do imperialismo mundial, o Geraldo Alckmin da França, responsável pela invasão e destruição da Síria e a morte de diversos árabes no Oriente Médio, disse que a política de Trump para o Irã era inadequada. “Estamos todos unidos em que o Irã não deve poder ser capaz de se armar com armas nucleares”, disse o presidente francês, demonstrando que de fato é contra a soberania do Irã; e adicionou: “[porém] sanções não são o suficiente”.
A declaração de Macron reflete duas coisas. A primeira é de que não se trata de uma divergência do imperialismo sobre se eles devem ou não interferir na situação de um país independente, já que o imperialismo, de forma geral, é a favor de se intrometer no desenvolvimento nuclear do país. E a segunda é que, em torno disso, o imperialismo não está conseguindo unidade para atuar na situação internacional e interna de cada país.
Já o presidente do Irã, Hassan Rohani, também reagiu às declarações de Trump. O iraniano disse que “a administração atual [dos Estados Unidos], parecem determinados a tornar ineficazes todas as instituições internacionais”, denunciando a ferocidade do presidente norte-americano contra o país.
Além disso, Rohani deu outras declarações como:
“Como o Irã pode entrar em um acordo com uma administração que viola as políticas de seu antecessor?”, sobre o abandono do acordo nuclear de 2015, feito sob a presidência de Barack Obama. E adicionou: “Começar um diálogo passa por acabar com as ameaças e sanções injustas que nega os princípios da ética e da lei internacional.”
Também denunciaram o interesse dos norte-americanos pelo petróleo do país, e falaram que era para ele parar de se intrometer nos assuntos do Oriente Médio.
Esse conjunto apenas revela parcialmente a crise que se aprofunda cada vez mais no regime burguês internacional. Vale dizer que a tendência é que cada vez mais a situação política se agrave, abrindo a possibilidade de um colapso do regime imperialista, assim como aconteceu no século XX, que foram cem anos quase fatais para o capitalismo, com diversas revoluções, guerras mundiais e civis, crises políticas etc.