Fora Weintraub?
A queda do semi-alfabetizado Ministro da Educação, Abraham Weintraub, reacendeu as esperanças abstratas de uma parte confusa da esquerda nacional. O PSTU, por exemplo, que relutou por vários meses em aderir à palavra de ordem “Fora Bolsonaro” (por fim adotou “Fora Bolsonaro e Mourão”) chegou a lançar uma campanha de reforma ministerial com seu “Fora Weintraub”.
Outro elemento que atua espalhando confusão na esquerda, o presidente verde e amarelo da UNE, Iago Montalvão, comemorou a saída de Weintraub como uma vitória dos professores e estudantes. Uma vitória do “tsunami da educação” ocorrido há quase um ano.
Para quem tem memória curta, vale lembrar que Weintraub não foi o primeiro bolsonarista a ocupar a pasta. No primeiro trimestre do governo ilegítimo, o colombiano naturalizado brasileiro Ricardo Vélez protagonizou um show de horrores digno de um Weintraub.
Entre outras proezas, chegou a enviar email a todas as escolas brasileiras pedindo que enviassem vídeos das crianças perfiladas cantando o Hino Nacional. Em outro momento, publicou portaria que acabava com a avaliação do índice de alfabetização das crianças de 7 anos, o que obviamente prejudicaria o diagnóstico e as intervenções necessárias para garantir esse direito básico. Fora anunciar que aplicaria revisionismo histórico sobre a Ditadura Militar nos livros didáticos.
É preciso ter clareza na luta política
Avaliar corretamente um acontecimento político é essencial para traçar um plano de luta adequado à situação. Considerar que a queda de Weintraub é uma vitória política da esquerda confunde o panorama e atrapalha o combate ao governo Bolsonaro e ao regime de exceção que se instalou no Brasil pós-golpe de 2016.
Enquanto Bolsonaro e os militares estiverem no governo, não existe vitória real a ser comemorada. Ou alguém acha que o próximo ministro será algum iluminado progressista que vai brotar no meio de tanto lixo político? De que vale alimentar esse tipo de raciocínio?
Para além do marketing político dos que querem tentar receber algum mérito pela troca ministerial bolsonarista é preciso expor com clareza que enquanto o governo Bolsonaro estiver de pé a educação brasileira estará sob ataque constante.
Por hora, o Ministério da Educação passou para Antonio Paulo Vogel, secretário-executivo do MEC, que era considerado o número 2 da pasta. Ele pode ser efetivado ou substituído, mas no final das contas a política do governo seguirá sendo a mesma.
A luta política real no Brasil é pelo “Fora Bolsonaro”, pelo fim desse governo que é fruto de um golpe eleitoral. Se querem lutar pela democracia, é preciso também lutar por “Eleições Gerais” e pela restituição dos direitos políticos de Lula. Esse é o eixo político que se confronta diretamente com o regime golpista que aterroriza a população brasileira.