Em 2016, a direita deu um golpe de Estado contra a presidenta eleita Dilma Rousseff. Utilizando vários recursos – desde a compra de parlamentares até a ação de bandos da extrema-direita – a burguesia decidiu derrubar um governo popular para conseguir levar adiante um projeto de intensa opressão contra os trabalhadores.
A burguesia nunca permitiu que a esquerda governasse de fato o Brasil. Mesmo entre 2003 e 2016, quando a Presidência da República foi ocupada por Lula e Dilma Rousseff, os banqueiros, empresários e latifundiários sempre procuraram chantagear a esquerda para conseguir que as questões mais essenciais para o imperialismo fossem resguardadas.
Em 2004, o imperialismo determinou uma invasão militar do Haiti. Na época, o país vivia um momento de grande instabilidade política porque, assim como viria futuramente acontecer no Brasil, a direita golpista derrubou um presidente eleito com a justificativa de que ele seria “corrupto”.
Para evitar desgastar ainda mais o governo norte-americano, que já havia invadido o Iraque no ano anterior, o imperialismo forçou o governo brasileiro a ocupar militarmente o Haiti e, desta forma, colaborar com o golpe dado contra os haitianos. O responsável por comandar a “missão” brasileira no Haiti – na verdade, a operação golpista pró-imperialista – foi o general Augusto Heleno, que ocupará o Gabinete de Segurança Institucional do governo Bolsonaro.
O governo golpista e ilegítimo de Jair Bolsonaro, que vem para suceder o desgastado governo Temer, contará com vários militantes em seu primeiro escalão. Além de Heleno, que terá para si um ministério com poderes para espionar toda a população, os militares Edson Santos da Cruz (Secretaria de Governo), Edson Leal Pujol (Comandante do Exército) e Tarcísio Gomes (Secretaria de Governo) integram a lista de brasileiros que participaram do golpe no Haiti.
A experiência desses militares em golpes de Estado não é um mero detalhe, nem um atributo secundário para integrar o novo governo ilegítimo. O imperialismo escolheu conscientemente seus lacaios para comandar a próxima etapa do golpe de Estado. Afinal, diante do pacote de atrocidades que a direita pretende lançar contra a classe trabalhadora, um golpe militar contra a população tem que fazer parte do repertório da burguesia e do imperialismo para controlarem a situação.