A crise da direita dentro das eleições coloca um problema real para o movimento operário, identificar quais são as candidaturas ligadas ao golpe e a burguesia. Ciro Gomes, alçado à grande nacionalista desenvolvimentista, é mais um dos engodos da burguesia golpista, entenda melhor assistindo o trecho específico da Análise Política da Semana em:
Ciro Gomes nessa semana praticamente admitiu como vice candidato na sua chapa Benjamin Steinbruck da FIESP, o homem do golpe, num certo sentido consolidando a avaliação que havíamos feito de que Ciro Gomes é um candidato do golpe. O Partido dos Trabalhadores (PT) e Lula falaram que não há acordo com Ciro, que é preciso acabar com isso, uma definição importante do partido.
O mais importante foi uma outra declaração do próprio Ciro Gomes que explica que está procurando fechar um acordo com o PSB e PC do B para criar um núcleo de aparência esquerdista e que a partir daí negociaria com o DEM do Rodrigo Maia. Qual o significado desta Orientação? Quando Rodrigo Maia se apresentou como candidato a presidente da Câmara, na queda do Cunha, o partido da esquerda que mais entusiasticamente apoio foi o PC do B, que aderiu entusiasticamente nessa campanha sem nenhuma explicação dizendo que ele era um mal menor. Não sabendo diante do que foi feita tal afirmação, já que aparentemente o Bolsonaro não estava concorrendo para ganhar.
Agora surge da parte do Ciro Gomes, que é um aliado desde o começo do PC do B, fala em aliança com o DEM. Temos que lembrar que o DEM não é um partido qualquer, um partido de um setor secundário da burguesia. O DEM é um partido, assim como o PSDB, ligado ao núcleo fundamental da burguesia, em particular da burguesia financeira imperialista. É um dos principais articuladores do golpe, mesmo tendo diminuído muito de tamanho, ele tem a mesma importância do ponto de vista de classe, que o próprio PSDB, ou até uma importância ainda maior que os tucanos.
A aliança do Ciro Gomes, tendo como vice o Steinbruck e o DEM como aliado se tudo se concretiza, colocaria ele como um candidato da direita e até mesmo, possivelmente mesmo que determinados setores da direita critiquem-no em jornais, o candidato preferencial da direita. O Candidato que neste momento representaria a direita.
Muita gente poderia dizer que o Ciro Gomes é desenvolvimentista, um candidato da esquerda. Primeiro, isso tudo é bobagem, não é nada disso, isso é um discurso, o assessor econômico dele é um neoliberal ferrenho. Segundo, os candidatos burgueses são extremamente maleáveis, na Europa há muitos casos dos candidatos da esquerda serem os piores neoliberais possíveis, disfarçando a política neoliberal com um verniz de algumas políticas sociais que eles defendem, enquanto a direita é oposta a isso. O Macron é um candidato saído do Partido Socialista, há o caso famoso do Tonuy Blair na Inglaterra e do Holande na França. Tivemos também o caso marcante do Partido Social Democrata Alemão, o caso do PSOE na Espanha, que foi muito mais direitista do que qualquer outro partido socialista na Europa.
A burguesia internacional, o imperialismo e os bancos internacionais podem pegar um candidato supostamente de esquerda e coloca-lo a serviço de uma política totalmente neoliberal não só é factível, como não é nenhuma novidade. No caso do Ciro Gomes, esse é o candidato massinha de armar de crianças, é um candidato extremamente maleável, que já passou por 8 partidos. Já foi defensor da ditadura na Arena, defensor do neoliberalismo no PSDB, agora no PDT é o novo Getúlio Vargas, quer dizer que ele interpreta todos os papéis como bom político.
É necessário denunciar a farsa de Ciro Gomes, um importante processo político de esclarecimento. Não é só o problema de que ele tenta substituir a candidatura do Lula, não é apenas isso. Ele, se por um acaso a crise da burguesia se aprofundasse de uma maneira calamitosa, Ciro Gomes será o novo Fernando Henrique Cardoso, essa que é a grande realidade. A esquerda e o movimento operário tem que estar consciente disto desde agora e combater.
Uma candidatura burguesa direitista nessas condições, se houver eleições, tem que se apresentar em alguma medida esquerdista. Ao contrário do que todos falam que no país todos são direitistas, na eleição todo mundo vai ter que ser esquerdista para poder concorrer, ou então vai ter que ser o Bolsonaro, o que é difícil, já que o lugar está ocupado. O Bolsonaro, mesmo sendo minoritário, já tem o seu eleitorado, que poderia eventualmente ter o voto de um setor de direita.
Os setores majoritários da eleição são de esquerda, por isso aparece a candidatura do Ciro Gomes que é uma candidatura direitista disfarçada de esquerda.
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