A destruição da classe operária é, dentro do capitalismo, parte fundamental para sua estruturação e manutenção. No Brasil, desde o golpe de estado contra o governo de Dilma e, consequentemente, com a eleição fraudada de Jair Bolsonaro, os trabalhadores brasileiros têm sido cada vez mais atacados. Recentemente, vimos um exemplo cabal de tal operação, na qual os trabalhadores dos Correios, por decisão do TST, perderam quase todos os seus direitos enquanto categorias após uma greve de mais de um mês, derrotada pela confusão das direções sindicais.
Em geral, existe uma tendência escancarada à retirada de direitos da população e, nessa última semana, tivemos mais uma prova disso com a negociação entre a Claro e os trabalhadores das telecomunicações. O que ocorreu foi que, na última semana, a empresa apresentou uma proposta de Acordo Coletivo no qual não constava absolutamente nenhuma alteração em relação ao anterior. Segundo os empregados, a oferta da empresa é de manutenção do ACT sem nenhuma correção econômica e proteção social, quase que uma piada para a categoria.
As entidades sindicais da telecomunicação – Livre, Fitratelp e Fenattel – colocaram que a proposta é um total desrespeito com os trabalhadores do setor.
A proposta da Claro é de zero de reajuste, manutenção do Acordo vigente, sem nenhuma contrapartida. Ou seja, a empresa quer manter tudo como está, sem valorizar quem mais contribui para o alto desempenho da operadora: os trabalhadores.
Segundo a direção dos trabalhadores, suas reivindicações para o novo Acordo Coletivo se resumem a: reajustes nos salários e nos benefícios na data base 1º de setembro de 2020; aumento real de 5%; adiantamento de PPR; garantia de emprego; regras para o teletrabalho, com custeamento de despesas e equipamentos, a exemplo de “outras operadoras”; e um acordo de dois anos.
Não podemos nos surpreender com a situação imposta pela Claro sobre os trabalhadores da telecomunicação e, acima disso, já temos exemplos o suficiente para saber o que precisa ser feito para barrar esse tipo de avanço sobre a classe operária: mobilização. O ponto é que, caso os trabalhadores não se mobilizem contra essa investida da burguesia, serão completamente esmagados e obrigados a trabalhar com condições extremamente precárias. Além disso, é necessário o estabelecimento de direções sindicais centralizadas e, acima disso, pertencentes à classe trabalhadora e a um partido revolucionário. Caso contrário, o destino da luta da categoria não pode ser outro senão a derrota, como visto pela greve dos ecetistas.
A reivindicação dos trabalhadores das telecomunicações é completamente válida e, além disso, lúcida frente à crise pela qual estamos passando, prevista para ser uma das maiores de toda a história do capitalismo. Nesse sentido, a construção da mobilização dos trabalhadores em torno dessas pautas é simplesmente imprescindível. É preciso ir às ruas, lutar pelos seus direitos e, além disso, pelo Fora Bolsonaro, principal responsável pela política genocida levada por seu governo golpista. Depois, caso seja necessário, a greve deste setor não é somente válida como importante para a evolução da classe operária como um todo. É isso que precisa ser defendido até o fim.