A Embraer anunciou na última quinta-feira (03) a demissão de 2.500 funcionários. Segundo a empresa em nota, 900 funcionários, 4,5% do efetivo total da empresa, foram demitidos. Há ainda outros 1.600 funcionários que serão desligados por meio de três PDVS (Plano de Demissão Voluntária) abertos no decorrer da pandemia e que se encerraram na quarta-feira (02), uma redução de quase 15% da empresa.
A justificativa para tal ataque apresentada foi a pandemia da Covid-19, em nota afirmam:
“A pandemia afetou particularmente a aviação comercial da Embraer, que no primeiro semestre de 2020 apresentou redução de 75% das entregas de aeronaves, em comparação com o mesmo período do ano passado. Além disso, a situação se agravou com a duplicação de estruturas para atender a separação da aviação comercial, em preparação à parceria não concretizada por iniciativa da Boeing, e pela falta de expectativa de recuperação do setor de transporte aéreo no curto e médio prazo”.
A política da Embraer e dos acionistas é transferir para os trabalhadores todo o peso da crise, sem mexer em absolutamente em nada de seu caixa e lucros. A reação do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (Conlutas-PSTU), principal planta da empresa e cidade sede da mesma, foi extremamente débil, é preciso lembrar que o sindicato já havia cedido a aplicação da MP 936 que reduz salários e permite até suspensão de contrato.
O Sindicato está convocando uma assembleia virtual com início nesta sexta-feira (04) e término no sábado (05), nessa assembleia virtual os trabalhadores responderam a duas questões, se concordam com a proposta do sindicato que “prevê o cancelamento das 2.500 demissões (inclusive as adesões ao PDV), estabilidade no emprego por 24 meses e equalização dos altos salários pagos pela empresa, estabelecendo um teto de R$ 50 mil”, sem referirem-se a nenhum plano de luta efetivo e, mais incrível ainda, se ratificam a greve que já foi aprovada em assembleia presencial no dia 03, uma espécie de votação da greve em dois turnos. O Sindicato sinalizou também que recorrerá à justiça para impedir as demissões e os PDVs, uma vez que a denúncias de coação dos trabalhadores para aderi-los
É preciso superar a política vacilante, confusa, capituladora e pelega das direções burocráticas e avançar na luta efetiva contras as medidas draconianas que a empresa impõe aos trabalhadores. O método fundamental da luta econômica da classe operária é a greve e a ocupação de fábrica, qualquer outro meio institucional que desconsidere esse meio fundamental da luta operária não terá grande valia. Diante de tamanho ataque só a greve com a ocupação das fábricas pode trazer uma perspectiva de vitória aos trabalhadores. Parar as fábricas da Embraer e ocupá-las tendo por objetivo um programa claro de reivindicações que nesse momento passam pelo cancelamento das demissões, estabilidade no emprego, não privatização, Embraer 100% estatal.