Na quarta-feira, dia 27, o presidente golpista Jair Bolsonaro sancionou lei que aumenta punição contra torcidas organizadas. A lei altera o estatuto do torcedor e prevê que uma torcida fique até cinco anos fora dos estádios caso algum de seus integrantes desobedeça determinadas normas previstas na lei, como invadir centros de treinamento, agressão a outros torcedores ou profissionais que trabalhem no futebol.
A lei é um ataque frontal contra as torcidas. Um ataque inclusive inconstitucional, pois prevê que a instituição pague por um crime que foi cometido por um integrante. É ilegal no sentido de que transfere para a organização qualquer ação individual, como se fosse possível que uma organização pudesse ter controle absoluto do que fazem seus integrantes. Se um membro de um partido político comete um crime, a punição deveria se voltar contra todo o partido. Uma aberração jurídica!
Fica claro, portanto, que tudo não passa de um pretexto para a perseguição política contra as torcidas organizadas. O fundo dessa lei é a extinção das torcidas organizadas, é disso que se trata.
É preciso denunciar que se trata de um ataque ao direito da livre organização do povo. É preciso defender a total e irrestrita liberdade de organização dos torcedores, assim como a total e irrestrita liberdade de expressão das torcidas nas arquibancadas.
Mas há ainda outro aspecto importante sobre a perseguição às torcidas. Ela serve como um laboratório para o ataque contra todas as organizações populares. As torcidas, por seu caráter heterogêneo e por não se tratar de organizações diretamente políticas, são alvos mais fáceis da ditadura do Estado. Caso a direita seja bem sucedida ao atacar as torcidas, a porta estará aberta para o ataque contra as demais organizações populares, movimentos sociais e partidos políticos. A repressão brutal da polícia contra os torcedores nos estádios, a censura contra cânticos, bandeiras, faixas e sinalizadores mostra o que significa essa lei sancionada por Bolsonaro.
Nesse sentido, a defesa incondicional das torcidas não é apenas um problema daqueles que estão ligados ao futebol, mas é um problema de todos os setores de esquerda e progressistas. Deixar que a direita seja bem sucedida nessa ofensiva, é permitir que se avance contra todas as organizações.
Nesse sentido, a esquerda pequeno-burguesa que se omite ou se apega à ideologia reacionária de que o futebol é “alienação” está sendo cúmplice dos ataques da direita golpista que procura, através das torcidas, aprofundar a ditadura contra as organizações populares.