Um é centenário, o o outro completou 18 anos em 2020, mas ambos os clubes têm um problema em comum, a falta de estádio para sediar suas partidas como mandantes. O Blumenau Esporte Clube foi fundado em 1919 como Brasil Football Club, e já adotou os nomes de Recreativo Brasil Esporte Clube e até Palmeiras Esporte Clube, antes de adotar o nome atual em 1980. O Clube Atlético Metropolitano, por sua vez, foi fundado em 2002 e já começou a conquistar torcedores na cidade.
O movimento popular “Joga em casa Blumenau” busca pressionar por um estádio municipal através da união entre as torcidas rivais. O objetivo principal é justamente estreitar os laços entre os clubes e seus torcedores. Além disso, mandar os jogos na própria cidade ajudaria financeiramente no desenvolvimento dos clubes.
A torcida Raça Jovem Metropolitano, formada a partir da união entre as torcidas Raça Metropolitana e Força Jovem Metropolitano em 2006, declarou apoio à campanha nas redes sociais. Mas para além da internet, o movimento já anuncia a organização de manifestações, apresentações na Câmara de vereadores, na secretaria de esportes do município, e “aonde seja necessário para sermos ouvidos”.
Até 2019, os dois clubes de futebol profissional da cidade mandavam seus jogos no estádio do Complexo Esportivo Bernardo Werner. O estádio, que pertence ao Serviço Social da Indústria (SESI), tem capacidade total para 3.624 pessoas.
O acordo de aluguel do estádio não foi renovado pela Federação das Indústria do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e obrigou os clubes a mandarem seus jogos fora da cidade e longe dos torcedores. Um verdadeiro boicote dos industriais aos amantes do esporte mais popular do mundo.
Para encobrir a atitude antipopular, a federação publicou na imprensa burguesa um comunicado justificando que o complexo esportivo seria utilizado em “atividades de serviço de saúde, educação e qualidade de vida ao trabalhador da indústria”. Nada além do tradicional discurso demagógico dos capitalistas.
Afastados dos seus torcedores, os clubes que já contam com poucos recursos financeiros tendem a perder progressivamente torcida, patrocínio e sua identidade. Como observamos em diversos outros casos, nas horas mais difíceis os clubes podem contar apenas com a força dos seus torcedores. Justamente por isso, defendemos que eles desempenhem papel ativo nas decisões dos clubes que carregam nas costas. O desafio de conquistar um estádio municipal é enorme, mas a união entre as torcidas da cidade pode ser a receita para a vitória.