No último domingo (31), o ato na Av. Paulista expressou uma tendência geral vista em vários locais do país. Os torcedores da Gaviões acabaram com o ato bolsonarista, colocaram a Polícia e a extrema direita na defensiva e defenderam na prática a verdade elementar que a rua é do povo. Essa revelação escancarada nos jornais burgueses, que tentam criminalizar a torcida, levantam a necessidade de explicar o que são as torcidas e qual o papel cumprem na luta política contra a burguesia, sobretudo hoje.
Em primeiro lugar, a Gaviões mostrou o que o PCO tem falado e feito, de que é preciso sair as ruas para lutar contra a direita e para defender os interesses dos trabalhadores. Os torcedores da Gaviões colocaram em prática essa política, que é a mais acertada.
O fato disso ter ocorrido em vários outros locais do país, como em Curitiba, Porto Alegre, etc. mostrou o crescimento da mobilização. Ao ocupar as ruas e desbaratou a mobilização direitista, ao invés de chamar o Ministério Público, como defendeu um setor da esquerda, fica mais claro para todos as reais forças de cada classe.
É daí que vem a campanha violenta da burguesia contra as torcidas organizadas. Isso que aconteceu com a Gaviões mostra porque a burguesia é contra as organizadas. Ou seja, pelo seu nível de organização popular num contingente grande e radicalizado de trabalhadores. Há quem na esquerda pequeno burguesa ache que as pessoas das torcidas são antissociais, marginais, etc. Não é verdade. Uma boa parte destas torcidas, uma parte grande, são de esquerda. A burguesia tem medo de qualquer tipo de organização popular. A burguesia tem medo das organizações populares que ela não pode controlar, mas também das que ela controla. Afinal, se as organizações que ela não controla são um ameaça, também há a ameaça das que ela controla escaparem deste controle a qualquer momento. O ideal da burguesia é que não haja nunca grandes manifestações de massa e nem organizações populares de nenhuma natureza, a não ser as diretamente integradas ao regime.
Ou seja, a burguesia é contra as organizações populares, por isso ela é contra as torcidas. Pois as torcidas agrupam muita gente, é um fenômeno nacional e como agrupam elementos proletários e semi proletários, ela tende a adquirir um caráter esquerdista. Por isso a esquerda não só deve apoiar as torcidas organizadas, como deve fazer propaganda junto a elas, deve procurar politizá-las. Muitas torcidas se colocaram contra o golpe, tem setores antifascistas e são em si mesmas, no seu formato de atuação, um embrião de milícia operária.