Na manhã dessa terça-feira, dia 17, a Polícia Civil cumpriu determinação do Ministério Público de Minas Gerais e colocou em prática operação em sete cidades do estado com mandados contra as duas maiores torcidas organizadas do Cruzeiro, a Máfia Azul e a Pavilhão Independente. A polícia cumpria 16 mandados de prisão temporária e 20 de busca e apreensão nas sedes das torcidas. As informações é que foram presos oito torcedores na operação.
A desculpa para a operação, que cinicamente foi chamada de “Voz da Arquibancada”, foram as brigas entre as duas torcidas e o quebra-quebra ocorrido no Mineirão no domingo, dia 8, quando o Cruzeiro foi rebaixado pela primeira vez para a segunda divisão do Brasileiro. Tanto um motivo como o outro são apenas pretextos para perseguir as torcidas organizadas.
As brigas alegadas pelo Ministério Público são resultado de uma rixa entra as duas torcidas, provavelmente um resultado da crise interna na diretoria do clube. É difícil saber o que realmente ocorre, mas a disputa entre as torcidas deve ser a expressão da disputa interna na diretoria. A repressão, no entanto, recai igualmente sobre as duas organizadas, não sobre os cartolas responsáveis por colocar o Cruzeiro na segundona.
O outro pretexto, o quebra-quebra no Mineirão foi consequência da revolta legítima dos torcedores do time diante do resultado do jogo. A Polícia Militar, como é de praxe, agiu de maneira desproporcional e reprimiu violentamente os torcedores. Não está em questão os chamados “excessos” das torcidas, mas qualquer coisa que possa ter ocorrido não justifica a ação policial, diante da política criminosa dos cartolas do Cruzeiro, qualquer revolta é legítima. Os maiores criminosos são José Perrella e sua turma. Contra esses, nenhuma repressão nem ações da Polícia Civil e do MP.
Tudo isso faz parte da política geral da direita de perseguição e repressão contra as torcidas organizadas. Bolsonaro acaba de sancionar lei que aumenta a punição contra as torcidas e o que acontece em Minas Gerais é parte desse plano de acabar com as organizadas.
É preciso além de defender incondicionalmente todas as torcidas e seu direito de organização é preciso dizer claramente que a ação contra as duas organizadas do Cruzeiro é ilegal e inconstitucional.
Nenhum desses pretextos justificam a ação. É uma ditadura contra o povo e o direito de organização. Se houve quebra-quebra, a lei prevê punição aos responsáveis pelo ato. A organização não deve responder por algo que ela não tem condições de controlar. Se um fiel de uma igreja comete um crime toda a igreja ou o pastor deveria ser punido? Claro que não. A mesma coisa deveria valer para partidos políticos. Se um filiado comete um crime o partido todo deveria ser punido? Não. Mas é justamente esse o caminho que está aberto com a perseguição às torcidas.
Querem colocar em prática a perseguição e o ataque contra o direito de organização do povo e as torcidas têm sido o laboratório para isso.
É preciso denunciar a perseguição e defender a liberdade total, incondicional e irrestrita das torcidas organizadas e de todo o povo.