Enquanto os capitalistas pressionam pela volta dos campeonatos de futebol, mesmo que isso signifique jogos com os portões fechados, as torcidas organizadas se unem para combater a descaracterização desse esporte das massas.
Após assinarem, junto a outras torcidas, o manifesto “Stop football! No football without fans!” (Parem o futebol! Não ao futebol sem torcedores!), a organizada Torcida Verde (do time português Sporting, de Lisboa) espalhou faixas em um parque de Lisboa denunciando a dominação econômica sobre o futebol.
As faixas continham mensagens como “Futebol + Covid = Negócios”, “Parem o futebol! Não ao futebol sem torcedores!” e “Assassinos do futebol”. Esta última foi escrita ao lado das logomarcas do Campeonato Português, Federação Portuguesa de Futebol, UEFA e FIFA.
A Torcida Verde realiza manifestações denunciando o “futebol negócio” desde os anos 90. Em seu site, a torcida expõe que a pandemia jogou luz à “irracional e suicida” dependência das receitas televisivas, que responderiam por cerca de 80% das receitas totais dos clubes.
Quem acompanha futebol sabe que são as torcidas que dão vida às partidas e que é impossível elas serem ignoradas pelos jogadores, tendo assim o poder de interferir no ânimo das equipes e mudar o rumo dos jogos.
Não é um mero detalhe nem algo do qual o futebol possa abrir mão. Não apenas no futebol profissional, pois as torcidas desempenham seu importante papel também no futebol amador. São parte fundamental da cultura futebolística.
Como o capitalismo é alheio a qualquer coisa que não beneficie os interesses econômicos da burguesia, tenta passar como rolo compressor por cima de culturas ou costumes regionais, por exemplo, quando seus interesses imediatos parecem ameaçados. Este sistema decadente e anacrônico parece estragar tudo aquilo que toca. Educação, saúde, ciência, esporte, nada escapa ao parasitismo da burguesia.
Neste momento de dupla crise, sanitária e econômica, são justamente as organizações populares que assumem o protagonismo político, enquanto a esquerda parlamentar se mostra completamente incapaz de intervir na realidade social.
Assim como temos observado no Brasil, as torcidas organizadas ao redor do mundo têm se destacado, justamente pelo seu caráter de classe, na luta contra as arbitrariedades inerentes a este sistema econômico.