Ditadura contra as torcidas

Torcida do Santos é perseguida pela PM após protesto

Polícia Militar persegue torcidas santistas para proteger diretoria que não paga nem os salários dos jogadores

Após uma sequência de protestos de torcedores santistas na semana passada, indignados com o trabalho da diretoria do clube, o Comando do Sexto Batalhão de Polícia Militar do Interior recomendou em ofício que a maior torcida organizada do Santos seja punida judicialmente.

O presidente do clube, José Carlos Peres, vem sendo cobrado pelo mal desempenho do time e problemas administrativos como atrasos salariais, que fizeram alguns jogadores entrarem na justiça para romper seus contratos. A Torcida Jovem chegou a fazer um pedido de reunião com o dirigente, mas foi ignorada.

Na falta de algum episódio violento, que é o fator rotineiramente utilizado para justificar a repressão às torcidas e quaisquer manifestações populares, a Polícia Militar usou como pretexto que os atos geraram aglomerações. É evidente que quando um órgão de repressão com altíssimo índice de letalidade, como a Polícia Militar, manifesta preocupação com a saúde das pessoas isso não passa da mais rasa demagogia.

Como a própria Torcida Jovem expressa em nota oficial, a ação da PM busca perseguir e intimidar os torcedores e deve ser contestada. A nota compara ainda a tentativa de impedir as manifestações com as políticas repressivas impostas durante a ditadura militar.

Um aspecto importante, ressaltado pela torcida, é que o pedido de punição apareceu depois de reunião entre as autoridades policiais e a direção do clube, o que indica uma clara sintonia com os interesses dos dirigentes criticados pelos torcedores.

No último jogo do Santos, a Torcida Jovem e a Sangue Jovem do Santos foram impedidas de pendurar suas faixas nas arquibancadas da Vila Belmiro. Essa medida de retaliação da diretoria do clube contribuiu para amplificar o clima desértico na derrota do time praiano para a Ponte Preta.

O PCO defende a liberdade de expressão sem qualquer restrição e vem denunciando sistematicamente a perseguição da burguesia às torcidas organizadas pelo seu caráter de classe. Em momentos de acentuada polarização política na sociedade, essa perseguição é mais facilmente observada.

Como a nota conclui, os torcedores não serão calados nem intimidados. O futebol é do povo, não é dos cartolas e nem dos empresários. As torcidas devem se unir para resistir às perseguições e a esquerda precisa abandonar seus moralismos e defender as organizações populares contra um regime político cada vez mais repressivo.

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