Na manhã do último sábado, dia 4 de julho, os muros da Gávea, sede do Flamengo, amanheceram pichados com palavras de ordem como “O Flamengo é do povo”. As pichações aconteceram após o anúncio de que seriam cobrados R$ 10,00 aos torcedores para que pudessem assistir à transmissão da semifinal da Taça Rio, neste domingo (5), entre Flamengo e Volta Redonda, às 16h. O jogo seria transmitido pela plataforma virtual MyCujoo, sendo que os sócios não pagariam nada, apenas os torcedores “comuns” ficariam a cargo de pagar, tendo que comprar um ingresso virtual. Foi essa notícia que desencadeou a raiva espontânea dos torcedores.
A decisão de cobrar pela transmissão do jogo é resultado de uma briga entre o Flamengo e a Rede Globo. O clube não fechou acordo com a emissora para transmitir os jogos da Taça Rio. Após a MP do Governo Federal que altera os direitos de transmissão, o Flamengo decidiu transmitir o jogo contra o Boavista em seu canal no Youtube. A Globo rescindiu o contrato para a transmissão do Campeonato Carioca, mas mantendo o pagamento. A Ferj decidiu ir à justiça e conseguiu liminar para que fosse transmitida a partida da semifinal entre Fluminense e Botafogo.
Grande parte da torcida apoiou a transmissão do jogo contra o Boavista pelo Youtube, mas ficaram contra a cobrança do ingresso virtual para assistir ao jogo da semifinal. Até a manhã de sábado, o canal no Youtube do Flamengo tinha perdido cerca de 20 mil inscritos.
Entre as pichações, pode-se ver “Fora Landim ganancioso”, em referência ao presidente do clube, Rodolfo Landim, que já tinha sido alvo de protestos neste ano, após a reunião com Bolsonaro, no dia 21 de maio, para negociar a volta do futebol na pandemia de novo coronavírus, mostrando uma aproximação entre a diretoria do time e o fascismo. Os muros da Gávea foram pichados com frases chamando Rodolfo Landim e Luiz Eduardo Baptista, vice de relações externas do Flamengo, de fascistas e palavras de ordem como “somos democracia” e “clube do povo”.
Esses acontecimentos reforçam o fato de que os grandes empresários jogam o peso de suas crises nas costas dos trabalhadores. Mesmo que o monopólio da Rede Globo tenha sido quebrado, o que é positivo, a burguesia formada pelos cartolas dos clubes de futebol está longe de estar preocupada com os interesses dos torcedores, preocupando-se apenas com seu lucro. Os torcedores tiveram uma reação espontânea com as pichações e isso demonstra a sua insatisfação. O futebol deve ser do povo, não mercadoria apropriada por setores da grande burguesia!