Já há cerca de dois anos o Partido da Causa Operária vem criticando por meio de sua imprensa, principalmente em seu programa futebolístico “Na Zona do Agrião”, a fraude do arbitro de vídeo, o VAR (Video Assistant Referee, em inglês), que passou a ser implementado sobretudo a partir da Copa do Mundo de 2018. Naquela ocasião, o partido já denunciava que tal recurso tecnológico seria utilizado no campeonato mundial com o objetivo de manipular com mais facilidade o placar dos jogos para prejudicar as seleções dos países atrasados, sobretudo a seleção brasileira, uma das seleções favoritas a conquista do título mundial naquela edição, e garantir de tal maneira a vitória das seleções dos países europeus imperialistas, como a França (que ganhou a competição), Inglaterra e Bélgica.
Com ar crítico e, ao mesmo tempo, humorístico, a sigla VAR aqui no Brasil passou a significar pra muito torcedores “Video para Arranjar Resultado” ou “Vídeo para Ajudar os Ricos”, mostrando que o VAR não tinha pretensão alguma de tornar o jogo mais justo, e sim favorecer os times maiores ou o time no qual a burguesia esteja interessada em ver ganhar. A série de polêmicas em torno do VAR acaba de ganhar mais um capítulo, e desta vez as reclamações vem da parte do time do Botafogo.
Em jogo realizado no estádio Nilton Santos contra o Internacional, válido pela 6ª rodada do campeonato Brasileiro, o Fogão foi derrotado pelo clube colorado pelo placar de 2 a 0. A partida poderia ter um final diferente se não fossem os dois gols marcados pelo time da estrela solitária que foram anulados pelo árbitro de vídeo. No primeiro tempo, o gol do atacante Matheus Babi foi anulado por impedimento. Já na segunda etapa, a suposta falta cometida por Matheus Babi no começo do lance que resultou no gol do meio-campista Bruno Nazário foi a razão do anulamento do gol, apesar de na interpretação do juiz o gol ter sido legal. O jogador lamentou o gol anulado, vendo prejuízo contra o alvinegro carioca. Após o fim da partida, na saída do gramado, o goleiro botafoguense Gatito Fernandez, revoltado com o prejuízo que a sua equipe teve, chutou o totem do VAR, derrubando o monitor e deslocando a estrutura de acrílico.
Na sequência, sobraram reclamações por parte da torcida botafoguense nas redes sociais. Em alguns desses protestos, foi denunciado que esta já foi, absurdamente, a 7ª vez em 5 jogos consecutivos que o VAR prejudica o Botafogo. Em outros protestos reclamou-se do exagero do árbitro de vídeo, que anula gol por qualquer motivo, e do fato do VAR acabar com o êxtase que o gol, momento mais importante do futebol e a razão de existir deste esporte, proporciona. Com a arbitragem de vídeo, hoje não se comemora mais o gol, mas sim o adversário dando a saída de bola no meio de campo.
O VAR é mais um sintoma do chamado Futebol “Moderno”, que submete o futebol aos interesses capitalistas, manifestada através de uma série de regras e padrões para tornar o futebol mais comercial e palatável aos ricos, afastar do esporte tudo o que tiver a ver com as classes populares e acabar com toda espontaneidade que o ambiente de um jogo de futebol pode proporcionar. Esse fenômeno vai desde a modernização de estádios, que hoje se chamam arenas, com ingressos a preços nada acessíveis para os trabalhadores, até a imposição de toda uma absurda etiqueta que por exemplo, proíbe o torcedor de ficar em pé na arquibancada, o jogador de comemorar o gol abraçando a torcida ou dar um drible humilhante no adversário, somando-se a isto a lei abertamente ditatorial que proíbe manifestações políticas nos estádios.