Esta semana, torcedores do Coletivo de Torcedores do Bahia Frente Esquadrão Popular ajudam ambulantes do estadio Arena Fonte Nova, um dos maiores complexos esportivo-culturais da Bahia, a arrecadar dinheiro para sobreviver a crise do corona vírus. A Vaquinha virtual que pretende arrecadar pelo menos R$ 4 mil para distribuição entre outros ambulantes da Arena ganha o nome de “Fiado Invertido”, com o lema “Fiado Invertido: compro e não nego, pego quando puder”.
Com o nome “Fiado Invertido”, a campanha visa permitir que as pessoas possam fazer doações de qualquer valor ou adquirir credito futuro pra comprar produtos depois da paralisação da pandemia causada pelo COVID-19. A campanha de “solidariedade” foi ideia de um defensor público e tem dois vendedores ambulantes da Arena como símbolos de campanha: Evandro Baleiro e Rogbol do Sorvete. Estes são parte de uma categoria que depende de atividades em volta do futebol, e terão sua atuação prejudicada ou encerrada pela crise.
Os dois Vendedores querem distribuir os recursos arrecadados para outros colegas ambulantes do Fonte Nova, grupo que contem pelo menos 16 outros ambulantes em situações similares.
Vale a pena ressaltar que Vendedores ambulantes são trabalhadores informais, uma categoria nada nova e cresceu consideravelmente no Brasil. Agora, o governo Bolsonaro administra um pais com mais de 38 milhões de trabalhadores na informalidade, isto é, sem carteira assinada, sem postos de trabalho formal, sem organizações sindicais ou uniões cuja proposta principal seja a reivindicação das demandas desses trabalhadores, enfim, jogados a própria sorte, isolados.
O “Fiado Invertido” faz parte de uma campanha de solidariedade, aceita pela esquerda e mantida pela direita. A logica é que o governo não precisará fazer coisa alguma por aqueles afetados pela crise do coronavírus, portanto, cabe a estes “se virarem”. Solidariedade não é uma troca adequada frente a ação governamental de ajuda aos setores mais pobres da população. Portanto é melhor, aos olhos daqueles que comemoram a solidariedade e não a organização, que os indivíduos mais ricos socorram aqueles que não conseguem se manter nesta crise.
Por melhor que seja a intenção dos organizadores, é necessário que todos se organizem pelo Fora Bolsonaro, esperar pela ação governamental diante desta crise não basta, como um exemplo como este demonstra. Se o povo se ergue em solidariedade não é porque estamos todos unidos, batalhando em igualdade frente a um inimigo comum mas por que se alguma ação não for feita de baixo para cima, atraves da mobilização, a situação nãoo se resolverá para a maioria da população brasileira.
