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Todos são iguais: uma desculpa para não fazer nada

No dia 19 de agosto, o agrupamento autoproclamado trotskista Transição Socialista publicou, em seu sítio eletrônico, um artigo de título “Bolsolulismo versus lava-jato”. Segundo o texto, Lula e o PT e Bolsonaro seriam dois lados de uma mesma moeda – isto é, seriam os complementares de uma mesma política. Essa tese aparece nos seguintes trechos:

“Lula e Bolsonaro estão unidos no desmonte da LJ [Operação Lava Jato]”.

“Já falamos que Bolsonaro e PT têm tudo a ver”.

“Como o PT é a alma do regime [democrático-burguês], é ele quem produz e controla os elementos de negação do regime. Ele se diferencia de si mesmo, projeta para fora de si a sua própria imagem autoritária idealizada, encarnada em outro ser (Bolsonaro/PSL), para depois melhor se realizar ele mesmo, PT, nesse novo autoritarismo ideal. Pai, filho e espírito santo.”

“Bolsonaro está na mão do PT e, juntos, preparam o grande golpe contra a classe trabalhadora brasileira”.

Considerar que Bolsonaro e Lula são representantes de uma mesma política é um método fadado ao fracasso. Na política, nada é igual: as relações de produção entre os homens formam uma cadeia complexa de fenômenos políticos.

O método da luta de classes deve se preocupar com todos os conflitos existentes na sociedade – dificilmente, as contradições do capitalismo vão colocar, de maneira explícita e acabada, a totalidade da classe operária, pura, contra todos os elementos da burguesia. Ignorar isso impede que um partido revolucionário intervenha no mundo real – dá-se o problema da elevação da consciência, portanto, como dado. Segundo o método do Transição Socialista, não seria necessária uma vanguarda revolucionária que oriente o movimento operário – este, por si só, se tornaria um movimento revolucionário.

Bolsonaro e Lula, ao contrário do que atesta o artigo, não têm nada a ver. Bolsonaro é a expressão de um movimento de extrema-direita, um representante dos bancos, com características fascistas, que foi imposto pela burguesia para levar adiante um programa de massacre da população. Lula, por sua vez, é uma liderança operária e de um dos maiores partidos de esquerda do mundo, que reúne mais de 4 mil sindicatos em sua base e dezenas de milhares de sem-terra.

Por trás da luta pela liberdade de Lula, está a luta de dezenas de milhões de brasileiros que vêem em sua figura um meio para satisfazer as suas necessidades mais urgentes. Os governos Lula, na medida em que foi um governo nacionalista burguês, se chocou várias vezes com os setores mais pró-imperialistas da burguesia, favorecendo, em alguma medida, o desenvolvimento do país, o que influi nas condições de vida dos trabalhadores.

Para se chocar com os interesses do imperialismo, não é sequer necessário ser oriundo da classe operária, muito menos integrar um partido revolucionário. Em Honduras, por exemplo, o então presidente Manoel Zelaya, que era um latifundiário, foi deposto por um golpe militar por não estar alinhado ao programa de total capachismo imposto pelo imperialismo norte-americano.

Enquanto o Transição Socialista se eximir de tomar partido nos conflitos entre o imperialismo e o movimento popular liderado por Lula, ou entre o imperialismo e o chavismo, estará condenando milhares de pessoas a morrerem de fome ou de qualquer outra mazela provocada pela direita. O governo Bolsonaro, resultado direto de algumas vitórias parciais da direita sobre a esquerda, está matando aos montes os sem-terra, indígenas e a população pobre da periferia. Ficar indiferente a isso é ser incapaz de lançar uma política que atenda aos anseios mais urgentes da classe operária – é, portanto, se declarar incapaz de liderá-la.

Além de dizer que Lula e Bolsonaro teriam “tudo a ver”, o MNN sai em defesa da Operação Lava Jato. Segundo o texto, a operação seria uma “pedra no sapato da burguesia”, uma espécie de movimento que surge como reação popular à podridão do regime político. Os perseguidos pela Lava Jato seriam os “poderosos” e os funcionários da operação, heróis buscando atender o clamor popular. Tal concepção é explicitada nos seguintes trechos:

“Na ausência de um partido proletário e revolucionário, a revolta da maioria da população desviou-se e estruturou-se onde e como podia: em corporações pequeno-burguesas. Infiltrou-se por baixo do Estado burguês, nos primeiros escalões, mais técnicos, menos políticos, da máquina estatal, e se ossificou. O maior símbolo dessa política da classe pequeno-burguesa é a operação Lava-Jato, que, na medida em que se mantém estruturada, é uma angulosa pedra incômoda à burguesia, encalacrada dentro do seu Estado”.

“Observando-se as medidas contra “abuso” de autoridade, percebe-se sua divisão em dois tipos: aquelas que já existiam, já estavam contempladas no ordenamento vigente (por pior que ele seja), e aquelas “inovações”. As primeiras servem para dar um caráter democratizante ao projeto (aproveitando-se da ignorância quanto ao ordenamento vigente), e as segundas servem para tornar mais subjetiva a avaliação de conduta de abuso de autoridade por membros das referidas instituições. O resultado necessário é que os baixos escalões do judiciário e do MP ficarão mais temerosos ao tomar qualquer ação, uma vez que estarão sujeitos à condenação (desde trabalhos comunitários até a prisão)”.

“Por trás da falácia democratizante – do tipo “ninguém está cima da lei” –, esconde-se a ação dos altos escalões do Estado contra os baixos”.

Aqui, trata-se não só de um problema de método, mas de um completo delírio do MNN. A Lava Jato é uma operação montada pelo imperialismo, pelos setores mais poderosos da burguesia, para perseguir seus inimigos. E dados para isso não faltam: vazamentos do Intercept mostraram que a Lava Jato poupava deliberadamente os bancos de suas investigações, o procurador Deltan Dallagnol teve palestras pagas diretamente pelos bancos, o então juiz Sergio Moro, treinado pelos EUA, fez de tudo para que Lula fosse preso sem provas e tivesse sua candidatura cassada, a indústria nacional foi destruída com a Lava Jato etc.

Não há político algum que seja mais poderoso que os bancos dos países desenvolvidos – os grandes financiadores da Lava Jato e, portanto, os “padrinhos” dos procuradores, juízes e investigadores da operação. Por isso, na luta do povo brasileiro contra o imperialismo, é necessário se posicionar claramente pela destruição completa da operação golpista.

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