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Rui Costa Pimenta

“Todo mundo esqueceu a destruição do PSDB, agora é um santo”

Presidente do PCO comenta os acontecimentos do 3 de julho na Paulista e esclarece a posição do partido diante da luta política que continua.

Na primeira Análise Política após os atos de 3 de julho, o presidente do PCO Rui Costa Pimenta analisou os atos e tudo o que aconteceu envolvendo militantes do PCO e provocadores enviados pelo PSDB. Rui também fez um balanço das manifestações pelo Brasil e os próximos passos para o movimento destacando as plenárias, agendadas para os dias 17 e 18 de julho, em que o PCO irá juntar todos do Bloco Vermelho para debater e decidir em conjunto os atos de 24 de julho.

Ao jornalista Leonardo Attuch, da TV 247, o presidente do PCO esclareceu que não houve qualquer agressão do PCO contra ninguém. Como pessoa jurídica não há condição de ser responsabilizado. “O PCO não tomou decisão de agredir ninguém, não agrediu ninguém. Alguns militantes do PCO se viram envolvidos num entrevero com gente do PSDB,  –não vou dizer que são militantes, porque de fato o PSDB não tem militantes –, era gente paga para segurar bandeira, provavelmente gente da polícia, esse tipo de coisa”.

Rui esclareceu que os militantes do PCO não agrediram, mas reagiram a agressões que sofreram. O vídeo abaixo mostra o começo de toda a confusão. “Alguns militantes do PCO e de outros partidos pegaram uma faixa do PSDB e começaram a rasgar essa faixa, aí aparecem outras pessoas que iniciam uma luta corporal. Esses agredindo as pessoas que estavam rasgando a faixa. (…) Da maneira como a imprensa fala, e isso é habitual, parece que o PCO pegou um pobre coitado na esquina, como faz a polícia do PSDB, e massacrou uma pessoa. Não, foi uma briga e quem iniciou a briga propriamente dita foram os tais elementos do PSDB (…)”

Acho que o fato de que muita gente está falando por aí de que ‘o PCO isso e o PCO aquilo’ não tem noção do que está falando e está inclusive de má fé. Eu constatei nesse evento aqui duas coisas importantes. A primeira delas é como o PSDB é odiado pelo povo, porque eu nunca na minha vida política recebi tanto elogio como depois do sábado. Choveu elogio ao PCO, o pessoal acha que esse PSDB é a pior coisa que aconteceu no mundo, não existe nenhum tipo de solidariedade com o PSDB a não ser de setores mais direitistas que acham que para você salvar o Brasil você tem que fazer a frente com aqueles que destruíram o Brasil e do outro lado tem uma minoria de pessoas que vê o PSDB com amor porque é um partido que tem dinheiro e poder. Vamos deixar isso absolutamente claro. (…)

A confusão na manifestação não serve à direita? Por que rasgar bandeira?

A motivação para rasgar a bandeira do PSDB é simples: a maioria das pessoas que estava na manifestação odeia o PSDB. O PSDB é o partido de João Doria, ou melhor, BolsoDoria, que derruba casa com gente dentro, da PM que mata mil pessoas na periferia. “Havia milhares de professores na Paulista. Se você falar do PSDB para um professor, ele espuma pela boca. Existe um ódio pelo PSDB. Existe uma luta constante aqui em São Paulo contra esses governos do PSDB”, afirmou Rui Pimenta.

O PSDB não é um partido político como o PT, por exemplo. O PSDB é odiado por todo mundo. “Cria-se um clima de que ‘nossa, por quê fazer isso com o PSDB?’. O pessoal odeia o PSDB. Em determinados casos mais até que o Bolsonaro”, completou.

Não houve estímulo da parte do PCO para agressões. O presidente do Partido analisou:

O que nós havíamos decidido e alertado era que se colocasse PSDB, Alexandre Frota, Joice Hasselmann, Kim Kataguiri para falar ia dar problema porque nós iríamos tentar impedir esse pessoal de falar e não iríamos ser só nós não. Isso nós dissemos, mas esse entrevero com esse pessoal do PSDB foi algo acidental. O pessoal passou por lá, inclusive era um grupo pequeno de militantes que estava lá, a maioria do pessoal estava do outro lado da passeata. Se fosse todo mundo do PCO, nós tínhamos 400 pessoas lá, seria como passar com um tanque de guerra em cima dessa gente. Se fosse para fazer um ato de força teria sido muito mais violento do que isso. Então foi uma coisa acidental. Agora, nós estimulamos isso? Na medida em que fazemos uma campanha permanente contra a presença do PSDB nas manifestações, a gente estimula.

Parte da direção do movimento tenta impor o odiado PSDB nos atos

“O pessoal não quer e eu acho inclusive que há uma imposição de certos setores da direção do movimento. Ninguém consultou ninguém [para perguntar] ‘vocês querem o PSDB?’, ninguém chegou lá e consultou”, disse Rui, denunciando a “operativa” que controla o movimento pelo Fora Bolsonaro de maneira antidemocrática. Ele lembrou que em reunião antes do ato, uma parte da operativa tentou colocar o PSDB no palanque para falar no ato de São Paulo, mas o PT vetou tal impostura. “Por que o PT vetou a palavra do PSDB? Primeiro que os sindicatos do PT de São Paulo ameaçaram abandonar o ato se o PSDB fosse falar. E segundo porque eles sabem que é difícil de segurar o militante do PT se aparecer o cidadão do PSDB falando. Então é preciso ter consciência desse clima que tem. É uma imposição. O pessoal não quer o PSDB”.

As pessoas que estão na manifestação precisam ser respeitadas. Não foi o PSDB quem começou a manifestação. Quem, em primeiro lugar, começou uma manifestação pública de rua foi o PCO. Nós chamamos o movimento, agora algumas pessoas que se acham donos da manifestação querem impor o PSDB nas manifestações contrariando a vontade popular. É interessante notar que não há uma iniciativa do PSDB para participar dos atos, mas é uma ala do movimento de esquerda que está chamando o PSDB.

O entrevero com o PSDB ajuda ou atrapalha o 24 de julho?

Embora não tenha sido uma ação planejada e coordenada, ela teve um efeito salutar. Ela interrompeu um processo que é efetivamente a tentativa de colocar partidos que nem são a favor do “Fora Bolsonaro”, como é o caso do PSDB — porque aqui o pessoal esquece uma coisa: onde é que o PSDB é a favor do “Fora Bolsonaro”? Qual é o pedido de impeachment do Bolsonaro que o PSDB assinou? Qual é o líder do PSDB que falou que o Bolsonaro tem que sair de qualquer jeito? (…). E existe uma ala dentro do movimento, que é a ala a favor da “Frente Ampla”, que quer colocar o PSDB na cabeça do movimento

Todo o ocorrido trouxe à tona um debate importantíssimo que estava oculto, que é toda essa tentativa de entregar para elementos de direita o movimento em nome de que isso seria benéfico para a derrubada de Bolsonaro, disse Rui. O fortalecimento da manifestação virá com a inserção de Lula no palanque, não o PSDB, completou.

De novo a história do “vandalismo”

O analista político lembrou o “vandalismo” da população nas manifestações populares por todo o continente. A esquerda precisa refletir por que elogiou o que ocorreu no Chile, que foi uma “quebradeira total”. O povo Incendiou o prédio da Enel de quase 10 andares após alta nos preços da energia elétrica.

“Aí na manifestação alguns jovens – o pessoal está falando que são infiltrados, mentira, não são – quebraram [coisas] porque o pessoal, logicamente, é revoltado, aí todo mundo fica indignado. Então tinha que apoiar o Piñera no Chile, tinha que a poiar a ‘lei e ordem’? O povo pode morrer de fome, pode morrer 500 mil trabalhadores que foram obrigados a trabalhar na pandemia, inclusive pelo PSDB, mas ninguém pode se revoltar. Ninguém pode perder a boa. Todo mundo tem que ser calmo, todo mundo tem que ser tranquilo. Acho que o pessoal tem que pensar um pouco. Nós discutimos aqui várias vezes que havia uma tendência à explosividade. A tendência à explosividade se manifesta nesses atos aí. O PSDB é a representação da repressão, então é lógico que o pessoal vai perder a esportiva com o PSDB (…)”, analisou.

Quem são os jovens quebradores de vidraça?

A acusação de que seriam policiais a mando de Bolsonaro não procede, na visão de Rui Pimenta. Segundo ele, “é uma juventude de classe média-baixa da periferia ultra-revoltada. Eles têm ideias anarquistas meio confusas, um pessoal que não tem uma ideologia clara e não está submetido a nenhuma disciplina política determinada nem nada. Agora, eu sinceramente acho que seria uma pessoa totalmente hipócrita se eu condenasse a extrema revolta que a juventude tem. Eu acho que se fosse jovem hoje e não tivesse a formação política que eu tenho eu iria quebrar o banco Santander também. (…) Nossos militantes têm experiência para detectar policiais. Nós vimos policiais, por exemplo, no meio do pessoal do PSDB”.

Risco de um novo junho de 2013

“Havia policiais contra a manifestação, não no quebra-quebra. O quebra-quebra eram jovens da periferia e jovens de classe média que se consideram anarquistas. Os infiltrados foram pra cima da esquerda. (…) Em junho de 2013 a que partido pertenciam as pessoas que foram para cima da esquerda? PSDB. Pertenciam ou foram organizados pelo governo do PSDB que reprimiu de uma maneira bárbara a manifestação da esquerda. Furou o olho de mais de um jornalista, atacou mulher, bateu em velha. Isso daí todo mundo esqueceu. O PSDB agora é um santo” – ironizou Rui Costa Pimenta, para concluir a análise.

 

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