No início da semana, representantes dos caminhoneiros conseguiram conter um aumento do óleo diesel. Isso irritou profundamente a burguesia e seus órgãos de imprensa, preocupados com o “valor de mercado” da Petrobrás, taxando Bolsonaro de intervencionista. Com a pressão, o Governo foi obrigado a ceder, aprovando o aumento, que aconteceu nesta quinta-feira.
Com o litro do óleo diesel mais caro em R$0,10, os caminhoneiros decidiram antecipar uma paralisação – inicialmente marcada para fins de maio – para o dia 29 de abril. Como está previsto mais um aumento dentro de 15 dias, o setor considera que a situação atingiu um ponto insustentável. Para se ter ideia, cada aumento desta magnitude chega a encarecer em R$1.000 os custos mensais de um caminhoneiro.
Trata-se de um setor que sofre imediatamente o impacto da recessão econômica, que significa redução dos fretes. Com menos serviços e aumento do combustível, os caminhoneiros se encontram no limite. A imprensa burguesa procura culpar os caminhoneiros pelo crescimento irrisório do PIB no último ano, mostrando o quanto quer jogar a opinião pública contra os grevistas.
A burguesia teme uma nova greve. A greve do ano passado enfraqueceu o governo Temer. Acompanhada da greve dos petroleiros, obrigou a mudança de controle da Petrobrás. Infelizmente, setores da esquerda se mostraram paralisados, preocupados com o “bolsonarismo” dos caminhoneiros, ou que se tratava de uma manipulação para colocar o Exército nas estradas.
Os sindicatos, partidos e movimentos populares precisam apoiar a greve dos caminhoneiros. Reclamações de que motoristas são conservadores ou que a greve é uma manipulação da direita só servem para desmoralizar um setor de trabalhadores explorados e com forte poder de desencadear paralizações em outras categorias.