Nessa semana, vários partidos burgueses, como o DEM e PSL, procuraram formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para investigar Paulo Preto, acusado de ser operador de propinas para o PSDB. O que chamou a atenção foi o fato de que parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) se mostraram dispostos a atuar junto ao PSL e demais partidos em prol da CPI.
De fato, o PSDB é responsável por um número inimaginável de atrocidades realizadas contra o estado de São Paulo, sobre o qual os tucanos exercem controle há mais de duas décadas. Corrupção, privatizações, truculência policial – tudo isso faz parte do repertório das gestões do PSDB. No entanto, o caminho para derrotar os inimigos do povo não pode ser uma aliança parlamentar com a extrema-direita.
O próprio PSL já sinalizou que o apoio do PT seria bem-vindo. O deputado estadual Gil Diniz, do PSL, afirmou que: “eu tenho aqui na bancada um pedido de CPI da Dersa, do Paulo Preto. Se o PT quiser assinar, se o PSOL quiser assinar comigo, ótimo. Nós precisamos investigar os ilícitos no estado de São Paulo”. O PSL, no entanto, é o partido de Bolsonaro – portanto, nenhuma pessoa que acompanha a política nacional poderia acreditar que os deputados do PSL estariam dispostos a lutar contra os desmandos do PSDB.
O que está por trás da CPI proposta pelo PSL é a crise do bloco golpista que foi aberta após o início do governo Bolsonaro. Os setores ligados ao PSDB, como os principais órgãos da imprensa burguesa, possuem interesses distintos dos que estão sendo defendidos pelos correligionários do presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro. Diante disso, é natural que essas contradições explodam na forma de várias embates nas casas legislativas.
Além de formar uma frente contra a corrupção junto ao PSL ser o mesmo que formar uma frente de apoio à extrema-direita diante de seus conflitos com outros setores da burguesia, a política do tipo institucional para enfrentar o PSDB em São Paulo não leva a nada. Afinal, o estado é controlado pela máquina tucana, de modo que as instituições respondem diretamente aos interesses do PSDB.
É necessário ser lembrado, também, que a luta contra a corrupção, desde 2013 até hoje, apenas serviu para prejudicar a esquerda. Fortalecer essa “luta”, portanto, não deve ajudar o PT a enfrentar seus algozes, isto é, a direita golpista, que não apenas é corrupta, mas também sanguinária e está infiltrada em todas as instituições burguesas.