Na noite da última quarta-feira (04), o trabalhador rural Márcio Rodrigues dos Reis, 33 anos, foi brutalmente assassinado em uma estrada vicinal entre os municípios de Anapu e Pacajá, no Estado do Pará.
Márcio estava trabalhando de mototáxi e durante uma viagem o pistoleiro se disfarçou de passageiro e o degolou quando estava na garupa da motocicleta. Já tinha feito parte de uma ocupação de um latifúndio, a Fazenda Santa Maria, pertencente ao latifundiário e grileiro de terras Silvério Albano Fernandes.
O trabalhador sem-terra já havia sido preso por ocupação de terras em conluio entre o delegado da cidade e o latifundiário Silvério Albano, e forçado a incriminar uma liderança dos trabalhadores rurais sem-terra, o Padre Amaro.
Padre Amaro está sofrendo diversas perseguições pelos latifundiários e a polícia, chegando a ficar meses preso sob falsas acusações. E no caso de Márcio, a polícia local tentou forçar uma delação mentirosa para incriminar Padre Amaro, mas Márcio resistiu as torturas.
Depois desses casos, Márcio sofreu com intimidações e perseguições que resultaram no seu brutal assassinato. Era a principal testemunha de defesa em outro processo que incriminava Padre Amaro e seu testemunho revelava a farsa das acusações contra o Padre.
A região é extremamente violenta contra os trabalhadores rurais sem-terra e foi onde ocorreu vários assassinatos decorrentes dos conflitos de terra, sendo o mais famoso o da missionária Dorothy Stang.
Os conflitos, que já eram muitos, intensificaram-se após o golpe de Estado em 2016 e tomaram uma escala muito maior após as eleições fraudadas, que levaram Bolsonaro à presidência. Márcio é mais uma vítima da direita e do governo Bolsonaro, que estimula e dá apoio às ações violentas do latifúndio contra os trabalhadores sem-terra.
Está na ordem do dia a criação de comitês de autodefesa contra a violência dos latifundiários e dos bolsonaristas. É preciso reagir a altura aos assassinatos de trabalhadores sem-terra e acuar a direita.