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Terrorismo de extrema-direita: filme mostra massacre de 2011 em acampamento de jovens na Noruega

“(…) mesmo as nações civilizadas podem ser arrebatadas por um ódio feroz. (…) Repetimos, pois, a nossa afirmação: a guerra é um ato de violência e não há nenhum limite para a manifestação dessa violência. Cada um dos adversários executa a lei do outro, de onde resulta uma ação recíproca, que, enquanto conceito, deve ir aos extremos. Tal é a primeira ação recíproca e o primeiro extremo que se nos deparam”

(Carl Von Clausewitz, em Da Guerra)

Antes mesmo de existirem redes sociais, da invenção dos termos como fake news ou “pós-verdade”, ao que se tem vinculado a intolerância e a irracionalidade, a violência e o ódio ao diferente, o mundo capitalista sempre foi pleno de intolerância, de ódio ao diferente (principalmente quando esse se apresenta como uma ameaça ao status quo), de violência e de irracionalidade, estimulado pelas classes mais poderosas.

O capitalismo também nunca parou de promover massacres, invasões, roubos de terras de camponeses pobres, precedidos de genocídios, de estupros, de escravização em massa, da destruição de cidades inteiras, do desaparecimento de culturas as mais distintas. Quase sempre a questão principal, a motivação, foi econômica.  O capital não se importa com vidas perdidas, com questões morais, com bases éticas. Ao contrário, sabemos que as guerras, mesmo aquelas declaradas como motivadas por razões humanitárias, são impulsionadas por interesses claramente econômicos de poderosos monopólios capitalistas e seus estados.

Em intervalos cada vez mais curtos,  a paz parece reinar na maioria do planeta. Mera aparência, quando a ‘paz’ torna-se mais lucrativa, ou porque as guerras se tornam um negócio lucrativo demais e, por isso, devem ser realizadas visando a maximizar os ganhos.

Há um crescimento de movimentos reacionários de direita  e de extrema-direita no mundo todo. Essa situação é o produto da crise histórica do capitalista e de sua politica neoliberal, amplamente rejeitada pelas massas populares em todo o mundo. Essa política de austeridade, que impõe uma crescente desigualdade, que gera reação e revolta popular por todos os lados.

O fato é que multiplicaram-se os ‘exemplos’ de ações terroristas, de grupos terroristas ou de pessoas inspiradas em ‘ideais terroristas’, isso ultrapassa Jerusalém ou Bagdá e alcança Columbine, Virgínia, Boston, Nova Iorque nos Estados Unidos, Paris, Roma e Barcelona, na Europa, mas também Utøya, Noruega.

Utøya é uma ilha situada no lago Tyrifjorden, na comuna de Hole, em Buskerud,  a 38 km da capital da Noruega, Oslo.

Lembremos que, no dia 22 de julho de 2011, Anders Behring Breivik, considerado um terrorista radical de direita, chegou de balsa na ilha de Utøya,  e matou 69 pessoas – a maioria crianças, que estavam em um acampamento de jovens. Antes disso, no mesmo dia, ele havia explodido um carro-bomba na frente da sede do governo norueguês, chefiado pelos trabalhistas, na capital, quando foram mortas oito pessoas.

Esses terríveis fatos são reconstituídos pelo diretor  Erik Poppe no longa Utøya – 22 de Julho,  com estreia marcada para esta quinta, 29 de novembro. O filme integrou a programação da Mostra de Cinema de São Paulo, e é marcado por uma certa ‘estética de urgência’, provavelmente advinda da experiência com fotojornalismo de seu diretor.

O filme aposta em alguns personagens para marcar essa ‘estética’, mas o filme pode, e deve, ser visto como uma mostra do significado da ascensão da extrema-direita no mundo. Como os oficiais do regime nazista pareceram não se arrepender do que fizeram, nem mesmo considerado suas ações como equivocadas ou más,  Breivik igualmente não se arrepende de suas ações, e ninguém ousa apresentá-las como resultado de alguma desordem mental. Ele, orgulhosamente, acredita estar a serviço de um bem maior. Assassinar crianças não parece um problema para a extrema-direita, daí que crianças afogadas durante travessias marítimas, em fuga das guerras em seus países ou bombardeadas na Palestina em protestos contra a invasão dos israelenses ou, ainda, no caso do Brasil, mortas a caminho da escola, com tiros de fuzil, nas costas, nada disso parece errado ou cruel para os que vivem do ódio ao diferente, aos pobres, às ideias de igualdade, de solidariedade, de justiça.

Recomendamos Utøya – 22 de Julho, pois a ideia de assassinato em massa está no horizonte dos golpistas que tomaram conta do país. Poderia ser Candelária – 23 de Julho*. Muitas são nossas Utøyas. Todas apontam para a (extrema) direita.


*Em 23 de Julho de 1993, ocorreu o que ficou conhecido como a Chacina da Candelária. Oito jovens, sendo 6 (seis) menores de idade, todos em situação de rua, foram assassinados próximos à Igreja da Candelária, localizada no centro da cidade do Rio de Janeiro. 

 

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