Os Estados Unidos da América sempre se venderam como a “terra da liberdade”. A esta condição ergueu-se uma estátua em Nova York, fotografada todos os anos por milhões de turistas que visitam o país imperialista atrás de comida ruim, aparelhos eletrônicos e roupas de marca. A maioria fabricada na China, o alvo atual dos estadunidenses no que diz respeito à liderança geopolítica e tecnológica no globo. Um revival da Guerra Fria.
Desta vez, Trump surpreendeu os mais desavisados e declarou a jornalistas durante viagem no avião presidencial Air Force One, na sexta-feira (31), que irá banir o aplicativo chinês TikTok:
“Em relação ao TikTok, vamos proibi-lo nos Estados Unidos”.
O TikTok é um aplicativo de vídeos curtos, muito popular entre os adolescentes e que pertence à ByteDance, um grupo de tecnologia com sede na China. A plataforma possui cerca de um bilhão de usuários no mundo e 80 milhões só nos EUA.
O diretor do TikTok nos EUA, Kevin Mayer, manifestou-se na quarta-feira passada:
“Não somos políticos, não aceitamos publicidade política e não temos agenda. Nosso único objetivo é permanecer uma plataforma viva e dinâmica, apreciada por todos”, afirmou.
Já o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, disse no domingo que o aplicativo de vídeo curto chinês TikTok “não pode existir como existe” agora nos EUA e, portanto, deve ser vendido ou bloqueado.
“Vou dizer publicamente que todo o Comitê [de Investimento Estrangeiro dos EUA] concorda que o TikTok não pode permanecer no formato atual porque corre o risco de enviar as informações de volta de 100 milhões de americanos” para a China, disse ele no estrutura de uma entrevista com a ABC News.
“Todos concordamos que deve haver uma mudança. O presidente pode forçar a venda ou o presidente pode bloquear o ‘aplicativo'”, reiterou, acrescentando que “todos concordam que não pode existir como existe” agora.
Esta pressão sobre plataformas estrangeiras é um sinal de que o regime político norte-americano está se fechando cada vez mais, motivado exclusivamente pelos monopólios do setor tecnológico como Google, Facebook, Microsoft e Twitter, que não admitem nenhum tipo de concorrência. A guerra tecnológica contra a China é só mais um exemplo forte disso.
Para confirmar este cenário, a gigante da tecnologia Microsoft anunciou em 2 de agosto que após uma conversa entre sua executiva-chefe, Satya Nadella, e o presidente dos EUA, Donald Trump, a empresa está se preparando para comprar o TikTok nos EUA.
“A Microsoft aprecia totalmente a importância de abordar as preocupações do presidente. Ela está comprometida em adquirir o TikTok sujeito a uma revisão completa da segurança e em fornecer benefícios econômicos adequados aos EUA , incluindo o Tesouro dos EUA”, diz o comunicado.
A empresa acrescentou ainda que “ela entrará rapidamente em negociações com a controladora da TikTok, ByteDance, em questão de semanas e, em qualquer caso, concluirá essas discussões até 15 de setembro de 2020”.
A compra pode incluir não apenas os ativos da TikTok nos EUA, mas também no Canadá, Austrália e Nova Zelândia . Dessa forma, a Microsoft seria proprietária e operadora da TikTok nesses países, mas também pode convidar outros investidores americanos a participar de uma minoria na compra, informou o documento. A intenção de explorar esta proposta preliminar para a compra do TikTok nesses mercados já foi notificada pela Microsoft e pela ByteDance ao Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS), indica o documento.
Manobras como esta são essencialmente políticas e estão sob a supervisão constante do governo dos EUA. Veículos de comunicação chineses têm sua atividade restringida nos EUA a todo o momento, assim como os russos. Um exemplo recente de atuação semelhante foi a proibição da também chinesa Huawei de operar lá com o fornecimento do sinal de internet 5G. O mesmo ocorre agora com o TikTok.