O segundo ano da pandemia de coronavírus inicia mal na Europa, diante da terceira onda de contágio. A União Europeia enfrenta uma grande insatisfação da opinião pública, sobretudo porque as estatísticas mostram o bloco europeu muito mais próximo do Brasil, pior exemplo do mundo no que diz respeito ao enfrentamento da crise, do que de seus pares ricos como Reino Unido ou EUA.
Desde que teve inicio a corrida mundial pela aplicação de vacinas contra o covid-19, a UE aplicou a primeira dose em apenas 6,4% de sua população, já a segunda dose só chegou a 3% dos eurocidadãos. Os dados são do Centro para a Prevenção e Controle de Doenças da Europa (ECDC) e mostram o atraso da UE quando comparado com países como o Reino Unido, que imunizou 31% de sua população, e EUA, que já vacinaram 16,3%. Os números da UE mais se aproximam do Brasil, que só vacinou 3% dos brasileiros.
Os 27 países da zona do Euro foram o primeiro foco da pandemia em 2020 e mesmo assim não conseguiram resolver problemas elementares. No início da crise houve grande alarido em torno de medidas emergenciais como fechamento de fronteiras, cancelamento das aulas e a restrição de circulação (o lockdown). No entanto, diante da pressão dos capitalistas, as medidas foram gradativamente sendo relaxadas. Além disso, não houve a priorização da salvaguarda dos trabalhadores. Como de costume, a prioridade foi proteger o capital da burguesia. O resultado não podia ser outro, a pandemia escalou na Europa.
Diante de medidas paliativas, o vírus seguiu sua trajetória mortal. A cada nova onda, cepas mais contagiosas do vírus atingem mais pessoas e matam cada vez mais É caso da variante britânica conhecida como B.1.1.7. A Organização Mundial da Saúde (OMS) dá conta de um aumento de 9% no número de infectados na UE após seis semanas em redução.
Assim como no Brasil, vários países da UE estão com suas capacidades hospitalares esgotadas. É o caso da República Tcheca, que transferiu pacientes para a Alemanha, a Suíça e a Polônia. Na semana que passou, a Eslováquia também já havia transferido pacientes para países vizinhos.
A escalada da crise na Europa, cuja orientação política dos governos não se difere muito da brasileira, o fato de a América Latina ter vacinado 6% de sua população, o dobro do Brasil, e ainda assim responder por 26% da mortes mundiais, mostram que a crise brasileira pode ser muito mais grave do que apontam os dados oficiais e a imprensa burguesa.
Tanto na Europa quanto em qualquer lugar do mundo, a pandemia não irá acabar por conta própria, pelo menos em curto prazo e sem causar uma drástica mortandade na população. Por esse motivo é importante que a humanidade realize as tarefas necessárias para conter o avanço da doença. Para isso é necessário priorizar os mais vulneráveis, as grandes massas de trabalhadores que são os primeiros e mais fortemente atingidos. Isso só será possível pelo uso dos recursos financeiros acumulados exageradamente nas mão poucos capitalistas ao longo de séculos de exploração. Mas isso não ocorrerá pacificamente, a luta de classes se encontra em ponto decisivo da História, quem viver verá.