A prova de que Bolsonaro não devia ter sequer assumido a presidência nunca foi tão evidente. Em meio à pandemia, o Brasil é governado por alguém carente até da capacidade de dissimular. Ao invés de palavras vagas de apoio e incentivo inócuo ao isolamento social, como feito em outros países, o presidente brasileiro busca apenas manter seu cargo e agradar alguns setores da burguesia de menor expressão.
O produto desta equação pode ser visto na falência do sistema público de saúde e nos cemitérios cada dia mais cheios. E o pior: tudo indica que ainda estamos longe do pico da pandemia. Ou seja, a situação aqui vai ser consideravelmente pior do que no resto do mundo.
Segundo reportagem divulgada pelo jornal Folha de São Paulo, os pioneiros da pandemia (China, Itália, Espanha e Estados Unidos) já haviam estabilizado o número diário de mortos na etapa equivalente à que o Brasil se encontra. Aqui, contudo, o número diário de mortos está em ascensão.
Relata a reportagem que, “em números absolutos, o Brasil tem menos mortes que todos esses países que já foram o epicentro do vírus (só ultrapassou a China). Aqui são 5.466, que coloca o país em 9º na lista de mais atingidos pela doença. Os Estados Unidos têm 58.355 óbitos; Itália, 27.359; e Espanha, 23.822. O problema é que, se aqui o ritmo seguir em alta, poderá ter mais vítimas que esses outros países. Mesmo sendo nações desenvolvidas, o sistema hospitalar nesses outros locais colapsou (não tinham mais como atender novos pacientes), especialmente na Itália e nos Estados Unidos.”
O alerta de que a situação seria pior aqui do que em outros países é uma das tônicas do discurso da imprensa operária, sobretudo deste jornal. Se a crise foi gigantesca na Itália e na Espanha, países onde a política de bem-estar social teve tempo para criar um sistema de saúde bastante robusto, no Brasil, a previsão de caos é certa.
E tudo isso se deve a uma única razão: ao governo de Bolsonaro. A política do “e daí?” não faz distinção entre mil ou cem mil mortos, desde que os interesses burgueses imediatos sejam atendidos. Não há a intenção de mobilizar esforços em busca de conter o alastramento do vírus. Recursos tecnológicos ociosos, dinheiro entregue aos capitalistas e uma agenda totalmente distracionista, que inclui uma sequência diária de ataques à democracia, é tudo o que tem feito o governo enquanto o povo morre.
Bolsonaro não é apenas um presidente incompetente ou um autoritário inábil, mas sim um genocida. Deve ser encarado como tal já neste momento e arcar com as consequências no futuro próximo.