Existem duas políticas fundamentais diante do governo golpista de Jair Bolsonaro: esperar até 2022 para tirá-lo nas eleições, ou mobilizar os trabalhadores nas ruas em torno da exigência do imediato fim do governo, com a palavra de ordem Fora Bolsonaro! A segunda dessas políticas propõe um confronto com o regime político por meio dos métodos dos trabalhadores, com greves e protestos, até que o governo se torne insustentável. A primeira consiste em procurar desgastar o governo durante seus quatro anos e então aproveitar isso eleitoralmente.
São políticas mutuamente excludentes, ou se espera até 2022, ou se exige a saída de Bolsonaro agora, mobilizando os trabalhadores e a população contra o governo. Quem exige Fora Bolsonaro! agora não quer esperar até 2022. Já quem prefere canalizar eleitoralmente os fracassos do governo ao longo de todo o seu mandato, usando isso em uma campanha eleitoral em 2022, é contra a mobilização pelo fim do governo. Ou seja, é a favor da continuidade desse governo até 2022.
Um problema da política de esperar as eleições, entre muitos outros, é saber se haverá eleições presidenciais em 2022. E se houver eleições, em que condições elas ocorrerão. Essa mesma política já foi testada uma vez no atual momento político. Tentou-se derrotar o golpe de 2016 durante as eleições de 2018, mesmo sem Lula poder participar. O resultado dessa aposta temerária, apresentada na ocasião como uma política mais “realista” e “pragmática”, agora já é conhecido. Surpreende, portanto, a persistência em um erro similar.
Contudo, não há apenas exemplos do passado a deporem contra uma nova aposta eleitoral. Essa semana o candidato do PT em 2018, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi condenado em primeira instância à prisão por caixa 2 nas eleições de 2012. Sua defesa denuncia que Haddad sequer era acusado disso no processo em que foi condenado, o que evidencia mais um processo fraudulento contra um dirigente petista, dessa vez em uma farsa ainda mais escancarada. O regime golpista nem se preocupa mais em tentar encobrir o caráter persecutório de suas ações no Judiciário.
Portanto, cabe perguntar: haverá eleições normais em 2022? Em caso de haver eleições, a esquerda conseguirá participar ou todos os seus candidatos remotamente viáveis serão condenados sem provas e perseguidos?
Além disso, à parte o problema eleitoral diante de um regime progressivamente cada vez mais autoritário, também cabe perguntar se ainda haverá Brasil em 2022. Bolsonaro está destruindo o patrimônio público, rasgando todos os direitos dos trabalhadores, estimulando a guerra contra os trabalhadores sem terra, atirando milhões de pessoas na miséria, destruindo o meio ambiente etc. É viável aguardar para ver até onde essa destruição pode chegar caso o governo perdure até 2022? Devemos reafirmar claramente que não. Um governo como esse deve acabar o quanto antes, e é em torno disso que se deve mobilizar os trabalhadores nas ruas. Fora Bolsonaro!