Neste sábado, 12 de outubro, a equipe do Bahia foi ao Rio de Janeiro enfrentar o Fluminense pela 25ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2019. Os baianos foram derrotados fora de casa pelo placar de 2×0 (gols de Nenê e Daniel) e acabaram perdendo a chance de entrar de vez na briga por uma vaga na libertadores já nesta rodada. Já os cariocas espantaram o perigo de rebaixamento abrindo 4 pontos da zona da degola. Mas o que mais chamou atenção no evento foi a declaração do técnico do ‘Baêa’, Roger Machado, sobre o racismo no futebol e no Brasil.
Em coletiva de imprensa após a partida, Roger foi perguntado sobre a campanha que encampou com o colega de trabalho, Marcão, contra o racismo. Os treinadores fortaleceram a campanha de luta e de denúncia contra o racismo utilizando camisas que estampavam a frase “contra o preconceito”. Roger e Marcão são os únicos técnicos de futebol negros na elite do futebol brasileiro, isso porque o técnico do Fluminense assumiu a equipe somente nas últimas rodadas.
Em resposta ao jornalista, Roger aproveitou o momento para denunciar o racismo estrutural do Brasil e, consequente no futebol brasileiro. Destacou o fato de que há somente dois técnicos negros dentre os vinte na série A.
“Com relação à campanha, não deveria chamar atenção ter repercussão grande dois treinadores negros na área técnica, depois de ser protagonistas dentro do campo. Essa é a prova que existe o preconceito, porque é algo que chama atenção. A medida que a gente tenha mais de 50% da população negra e a proporcionalidade não é igual.”
Roger Machado entende que esse é um cargo privilegiado dentro do futebol, e que requer qualidades técnicas capazes de disputar em alto nível o campeonato. Mas entende também que a proporcionalidade da população negra no país não bate e denuncia o racismo no futebol, além de que muitos e muitos atletas negros fizeram sucesso no campo, mas não recebem tantas oportunidades como técnicos. Hoje podemos lembrar facilmente de profissionais da área negros que mostraram grande potencial como Cristóvão Borges, Jayme de Almeida e Jair Ventura.
O racismo presente no futebol é consequência social e histórica do Brasil ainda não superada. Roger não deixa escapar os fatos que escancaram o racismo financiado pelo sistema capitalista no país, e denuncia as condições de pobreza, miséria e escravidão que a burguesia impõe à classe trabalhadora e negra. Além disso, fala sobre a política de extermínio da população negra, da política de encarceramento racista que serve à burguesia e aos mais ricos no país.
“Se não é há preconceito no Brasil, por que os negros têm o nível de escolaridade menor que o dos brancos? Por que a população carcerária, 70% dela é negra? Por que quem morre são os jovens negros no Brasil? Por que os menores salários, entre negros e brancos, são para os negros? Entre as mulheres negras e brancas, são para as negras? Por que que, entre as mulheres, quem mais morre são as mulheres negras? Há diversos tipos de preconceito. Nas conquistas pelas mulheres, por exemplo, hoje nós vemos mulheres no esporte, como você, mas quantas mulheres negras têm comentando esporte? Nós temos que nos perguntar. Se não há preconceito, qual a resposta? Para mim, nós vivemos um preconceito estrutural, institucionalizado”
É preciso saber, diante disso, que a luta contra o racismo no Brasil hoje está diretamente relacionada a expulsão do governo Bolsonaro. Está relacionada diretamente com a política autoritária da direita golpista no país, pois esta é a própria política dos golpistas: uma política autoritária, racista e assassina. Figuras como Bolsonaro, Witzel, Dória, Zema demonstram isso claramente em seus atos grotescos de violência contra a população.
Sabendo disso, é preciso que a população e os coletivos negros do país formem comitês de luta contra o golpe e pela derrubada do governo fraudulento e racista de Jair Bolsonaro. É preciso combater os golpistas que, aliados à burguesia racista e inimiga da luta do povo negro, massacra e tortura a vida da classe trabalhadora e do povo negro cotidianamente através da polícia, da censura às manifestações culturais, da expulsão das universidades e etc.
Fora Bolsonaro! Eleições Gerais! Liberdade para Lula!