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Legado dos trabalhadores

Tebas, o escravo que modernizou a São Paulo do Século XVIII

Tebas foi mantido no esquecimento pela história oficial contada pela burguesia que tenta ocultar a importante participação da classe trabalhadora nos processos de desenvolvimento

Na última segunda-feira (30) o Google homenageou Tebas, um escravo brasileiro que teve uma importante contribuição para a arquitetura de São Paulo. Essa sua contribuição tem sido ocultada da história por muito tempo, e foi apenas em 2018 que Tebas foi reconhecido por seu trabalho como arquiteto pelo sindicato dos arquitetos de São Paulo. O escravo arquiteto é só um dentre tantos outros escravos e trabalhadores que participaram dos processos de construção nacional mas são suprimidos para dar lugar aos seus exploradores.

Conhecido como Tebas, Joaquim Pinto de Oliveira nasceu em Santos e era filho de Clara Pinta de Araújo escrava africana. Tebas se destacou por sua aptidão em cantaria, ofício de talhar blocos de rocha para construção, que pôde desenvolver bastante quando foi levado para a capital de São Paulo por Bento de Oliveira, um mestre pedreiro português e que detinha a propriedade do escravo e sua esposa.

Na época em que foi viver na capital, São Paulo estava passando por um intenso processo de modernização arquitetônica, passando da taipa para a alvenaria, sendo um ótimo cenário para Tebas desenvolver seu trabalho. Assim o foi : seu serviço era bastante requisitado como um dos únicos a dominar o ofício e pelo que se sabe da história informal um dos melhores, ficando muito conhecido na capital entre as mais variadas camadas sociais. Há relatos de que por sua grande capacidade Tebas virou adjetivo: quando alguém fazia algo muito bom tecnicamente poderia se dizer que era “um Tebas”.

Apesar de seu trabalho arquitetônico ser amplo, seus serviços foram reivindicados principalmente pela igreja, naturalmente por possuir maior poder, influência e recursos no período. Assim Tebas deixou sua marca em importantes obras em igrejas, dentre as mais conhecidas estão a ornamentação da fachada da antiga igreja do Mosteiro de São Bento e da Igreja da Terceira Ordem do Carmo e a reforma da antiga Catedral da Sé.

Tempos depois Tebas conseguiu sua alforria, acredita-se que como resultado do que arrecadou com seu trabalho e continuou  trabalhando em projetos arquitetônicos, muitos dos quais ele próprio projetava e construía, talvez a obra mais famosa de Tebas após a alforria foi o primeiro chafariz público da cidade, o Chafariz da Misericórdia que continha um complexo sistema hídrico que canalizava as águas do ribeirão Anhangabaú. Tebas teria vivido até os noventa anos de idade e trabalhado até o fim de sua vida.

Embora o trabalho arquitetônico e a grande contribuição que prestou para a modernização de São Paulo tivessem ficado amplamente conhecidos em vida, após sua morte o legado de Tebas acabou sendo ocultado pela burguesia, mas ainda assim era grande sua popularidade entre as classes mais pobres e entre o povo negro, o que lhe rendeu uma homenagem em forma de samba, composto por Geraldo Filme em 1974, o Tebas, o escravo:

Tebas, negro escravo
Profissão: Alvenaria
Construiu a velha Sé
Em troca pela carta de alforria
Trinta mil ducados que lhe deu padre Justino
Tornou seu sonho realidade
Daí surgiu a velha Sé
Que hoje é o marco zero da cidade
Exalto no cantar de minha gente
A sua lenda, seu passado, seu presente

Praça que nasceu do ideal
E braço escravo
É praça do povo Velho relógio, encontro dos namorados
Me lembro ainda do bondinho de tostão
Engraxate batendo a lata de graxa
E camelô fazendo pregão
O tira-teima do sambista do passado
Bixiga, Barra Funda e Lava-Pés

O jogo da tiririca era formado
O ruim caía e o bom ficava de pé
No meu São Paulo, oi lelê, era moda
Vamos na Sé que hoje tem samba de roda.  

Tebas tem sido mantido no esquecimento pela história oficial contada e escrita pela burguesia que tenta ao máximo ocultar a participação e a importância da classe trabalhadora nos processos de desenvolvimento. O caso de Tebas não é único, a história está repleta de trabalhadores que são propositalmente “esquecidos” e em seu lugar são colocados os representantes da burguesia, aqueles que exploram e usufruem do que é produzido pelos trabalhadores, que por sua vez muitas vezes são descritos pela burguesia como incapazes e alheios a este desenvolvimento, quando na verdade este desenvolvimento só é possível pelas mãos classe trabalhadora.

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