Nessa quinta, dia 7, o jornal francês, Le Monde , publicou uma entrevista com um ex-integrantes da Brigadas Vermelhas – organização de esquerda originada do movimento estudantil italiano, formada no final em 1969, e que participou ativamente da luta política nas décadas de 70 e 80 -, Paolo Persichetti. Nela o ex-militante denuncia as condições desumanas que Battisti enfrentará nos porões do Estado italiano, assim como o teatro que foi sua chegada naquele país.
Assim que seu avião pousou em Ciampino, no dia 14 de janeiro, Cesare Battisti foi recebido por dois ministros e um mar de jornalistas, assim como desfiles de equipes especiais da policia italiana, transmissão ao vivo do evento e cobertura midiática especial. Dos dois ministros que se convidaram para o show de horrores, Matteo Salvini, vice-Primeiro Ministro, e Ministro de Interior italiano, recebeu o preso político com uma farda de oficial de polícia, já o outro, Afonso Bonafede, Ministro de Justiça, publicou um vídeo nas suas redes sociais no dia seguinte, para exibir seu mais novo troféu. A misancene para Cesare foi como uma exibição de uma caça, os fascistas nem tentaram esconder sua enorme felicidade.
Paolo também explicou que a prisão na qual Battisti foi jogado, Oristano em Sardenha, não foi escolhida por acaso, fica localizada numa ilha e é notoriamente conhecida como uma das mais duras do país. Lá ele ficará numa cela isolado de sua família e dos outros presos por 6 meses, numa espécie de 41 bis (“carcere duro”)), um antigo regime de isolamento total previsto para os piores mafiosos do país, hoje considerado pela Corte Europeia de Direitos Humanos como tortura.
O regime italiano, descendente direto do fascismo de Mussolini, está numa busca por todos os militantes de esquerda que combateram o Estado no final do século passado. A extrema direita precisa de troféus para dar continuidade ao seu teatro de horrores e amedrontar os atuais militantes caso queiram se mobilizar contra as atrocidades que o atual governo promete.
Esse é um dos principais métodos fascistas, por isso a esquerda não pode fazer frente única com aqueles que sem provas encarceram ex-combatentes, caindo na mesma ladainha que o judiciário usou no Brasil para prender Lula. Assim, é preciso condenar a decisão obscura do Evo Morales ao entregar Battisti, e as posições da pequena burguesia brasileira que entra em consonância com o fascismo internacional.