Os Estados Unidos e o Talibã assinaram um acordo neste sábado (29) em Doha no Catar. O texto foi assinado pelo enviado americano Zalmay Khalilzad, e pelo líder da delegação do Talibã, Abdul Ghani Baradar. O presidente Afegão Ashraf Ghani, que não participou das conversas entre EUA e Talibã, declarou que alguns pontos do pacto precisarão de “consideração” e serão discutidos com o grupo Islâmico. Segundo ele, “esperamos que o acordo leve a um cessar-fogo permanente” no país.
O documento prevê que os Estados Unidos retirem gradualmente seus soldados do Afeganistão em 14 meses. Atualmente são 13 mil militares americanos no país, e dentro de 135 dias após a assinatura do acordo 8.600 devem deixar o território. O Talibã por sua vez deve negar abrigo e apoio a grupos como Al Qaeda e Estado Islâmico e não permitir suas articulações naquela região. Donald Trump disse na sexta-feira que “se o Talibã e o governo afegão conseguirem cumprir os compromissos, teremos um caminho claro para acabar com a guerra no Afeganistão e levar nossos soldados para casa”.
Em uma coluna de opinião no The New York Times, publicada no dia 20 de fevereiro, vice-líder do Talibã Sirajuddin Haqqani diz que as negociações com os EUA começaram em 2018, e que a confiança era quase nula. “Não confiamos nas intenções americanas após 18 anos de guerra e várias tentativas anteriores de negociação que se mostraram inúteis”. segundo o líder, eles não escolheram a guerra, foram forçados e se defender. “A retirada de forças estrangeiras tem sido nossa principal demanda” afirma o vice-líder do Talibã.
Essa capitulação do Talibã em direção ao imperialismo descontentou e inquietou setores do grupo armado, que ainda sofre com ataques e bombardeios americanos em suas aldeais e regiões, segundo Haqqani. Para a imprensa imperialista o cessar-fogo depende agora de negociações entre os talibãs e governo afegão. No entanto o Talibã considera Ashraf Ghani um capacho dos Estados Unidos. Em comunicado, o Talibã afirma que ambas as partes “criariam uma situação adequada de segurança” antes que o acordo seja definido, e espera que seus militantes não sejam atacados e perseguidos.
Na manhã deste domingo (1) em menos de 24 horas do acordo assinado, o presidente do Afeganistão negou que o governo de Cabul reconhecesse o compromisso de libertar 5.000 presos ligados ao Talibã em troca de 1.000 presos ligados ao governo da capital. O texto assinado pelos EUA e o Talibã previam que as liberações deveriam ocorrer até o dia 10 de março. Segundo o presidente afegão a questão dos prisioneiros “não é da competência dos Estados Unidos decidir, eles são apenas um facilitador” disse em uma conferência de imprensa em Cabul.