Na véspera do último jogo contra o arquirrival Palmeiras, o Corinthians anunciou 19 casos de coronavírus. Nada menos do que oito jogadores e onze funcionários do centro de treinamento do clube foram afastados das atividades e estão cumprindo isolamento. O time só não teve um desempenho pior diante do rival porque o Palmeiras poupou jogadores para a Copa do Brasil e uma forte chuva interrompeu seu ritmo de jogo.
No entanto, os problemas vão muito além dos três pontos disputados pelo Campeonato Paulista. A retomada dos jogos de futebol vem trazendo uma interminável sequência de surtos de infecção. Esses surtos atingem os jogadores e demais profissionais ligados ao esporte e às atividades envolvidas na realização dos eventos, como transportes, hospedagem e organização dos jogos. Sem esquecer é claro, dos familiares desses profissionais.
A farsa da segurança dos protocolos da CBF se torna cada vez mais bizarra. Vale destacar a liberação de jogadores infectados e dispensa de testagem em jogadores já recuperados da doença. Esse tipo de administração torna ainda mais perigosas as competições, especialmente em vista das novas variantes, que comprovadamente não capazes de reinfectar quem já teve o vírus.
Não é só no Brasil que os campeonatos de futebol têm se mostrado terreno fértil para o vírus Sars-CoV-2. Ao redor do planeta, surtos de têm sido rotineiros em meio aos atletas e demais profissionais que atuam no esporte. Algumas equipes têm sido completamente substituídas por equipes das categorias de base dos clubes. Mas o estágio atual da pandemia por aqui gera enorme apreensão.
Desde janeiro, os recordes diários de mortes têm sido progressivamente superados. Além disso, pelo menos duas variantes do vírus surgiram provavelmente no país e outras, surgidas em outros países, já chegaram aqui. O cenário gravíssimo parece não ter qualquer impacto sobre o andamento dos jogos.
A CBF, que não se cansa de sabotar o futebol brasileiro em parceria com a Globo, certamente não está preocupada com os clubes e muito menos com os atletas. Assim como na questão da reabertura das escolas, o retorno dos campeonatos de futebol foi imposto pelos grandes capitalistas.
Como temos colocado neste Diário, não podemos esperar pela ação de governos ou da CBF, é preciso agir. Assim como os professores, que têm resistido ao retorno das aulas presenciais, é preciso articular uma suspensão dos jogos com aqueles que estão diretamente envolvidos nessa atividade. É preciso paralisar imediatamente os campeonatos!