O suposto atentado sofrido pelo candidato da extrema-direita à presidência da República, Jair Bolsonaro (PSL), ocorrido na tarde da quinta-feira, dia 06 de setembro, na cidade mineira de Juiz de Fora, onde o candidato fazia campanha, desencadeou um festival de declarações oriundas dois mais diversos setores, todas em solidariedade ao candidato direitista.
Um aspecto que chamou a atenção diz respeito ao fato de nenhum dos que se declararam solidários ao candidato fascista terem feito qualquer referência às abjetas e execráveis declarações de Bolsonaro atacando os indígenas, os negros, as mulheres, os nordestinos e o conjunto da esquerda, inclusive com ameaças de “metralhar petistas”. Que a direita não tenha dito uma só palavra condenando o candidato do PSL, isso é totalmente compreensível, afinal não há o que se cobrar nada da direita neste sentido. No entanto, é rigorosamente espantoso ver os “representantes da esquerda” na eleição (Boulos-Psol e Vera Lúcia-PSTU) dando declarações de condenação ao suposto atentado a Jair Bolsonaro, É totalmente vergonhosa e inaceitável a conduta das duas candidaturas neste episódio.
O capitão do Exército Bolsonaro é o representante da extrema-direita na eleição e sua campanha vem sendo marcada pelos mais acintosos e ameaçadores ataques contra a esquerda nacional. Isso por si só já seria suficiente para a mais ampla manifestação de repúdio, denúncia e condenação do deputado candidato. Ao invés disso, no entanto, o que se vê por parte da esquerda que participa das eleições são declarações de solidariedade ao candidato fascistóide
Nunca é demais lembrar que Bolsonaro é apoiador da ditadura, dos generais golpistas de 1964 e dos torturadores. O candidato direitista, quando do impeachment que derrubou a presidente eleita Dilma Rousseff, declarou seu voto homenageando o coronel Carlos Alberto Brilhante Ulstra, gorila do Exército que comandava as sessões de tortura e terror contra a esquerda nos porões do DOI-CODI, unidade de repressão, tortura e assassinatos da ditadura. Brilhante Ulstra comandou pessoalmente as sessões de tortura contra a presidente Dilma Rousseff, nos terríveis anos de chumbo do regime militar golpista.
Deixamos claro aqui que a intensa exploração – por parte da imprensa golpista – do suposto atentado ao candidato apoiador da ditadura e da tortura é mais uma manobra da burguesia e da direita para turbinar a candidatura daquele que pode vir a ser uma espécie de “Plano B” dos golpistas, diante do naufrágio da primeira alternativa (Alckmin), cuja campanha não decola e não emplaca nem com “reza brava”.
Solidarizar-se com Jair Bolsonaro, portanto, é igualar-se e estar ao lado dos generais golpistas da ditadura, os mesmos a quem o direitista candidato bate continência.