Denúncia:
O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra alerta sobre a ameaça de despejo de mais 450 famílias do acampamento Quilombo Campo Grande, localizado na cidade de Campo do Meio – MG.
“Aqui, as famílias, depois de tantos anos, já contam com infraestrutura de energia elétrica, casas de alvenaria e produzem uma grande diversidade de produção agroecológica, como café, muitas variedades de milho, feijão, hortaliças, frutas, sementes orgânicas gado, galinhas, porcos.” Diz a mensagem do MST da região. Leia a mensagem na íntegra no final da matéria.
Essas centenas de famílias estão acampadas há cerca de 20 anos, caracterizando um dos conflitos agrários mais antigos do país. A ocupação de um espaço com aproximadamente 4 mil hectares de terras improdutivas começou depois da falência da Usina Ariadnópolis (CAPIA – Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo) em 1997. Sendo que até hoje muitos trabalhadores não receberam seus direitos.
Em 2015, o MST se baseou no Decreto Estadual 365 para desapropriar 3.194 hectares da falida Usina mediante pagamento de R$ 66 milhões à Ariadnópolis. Mas, os acionistas da CAPIA não aceitaram o acordo e entraram com ação judicial contra o governo mineiro para anular o decreto. Nos últimos dois meses, mais uma tentativa de acordo, onde o Estado se comprometeu em pagar o valor em cinco parcelas. Entretanto, no atual cenário de acirramento do Golpe de Estado não há garantias sem uma grande luta que esse acordo se realize.
No próximo dia 7 de novembro ocorrerá uma audiência, no Fórum na cidade de Campos Gerais, às 13h. Muitas organizações e movimentos sociais do Sul de Minas Gerais já dispuseram a realizar um grande ato em frente ao Fórum durante a audiência para impedir que o Golpe ganhe mais essa batalha.
No último período, os golpes militares na América Latina voltaram. Começando por Honduras, em 2009. Hoje, após quase dez anos, mais de dez mil hondurenhos estão fugindo do país. Em sua maioria por conta de conflitos de terra. Isso é um alerta para uma das consequências que o Brasil pode ter com o atual Golpe de Estado, oficializado desde 2016.
É preciso deixar claro para os militantes qual é a natureza da luta que está sendo travada. A palavra de ordem para mais esse momento do Golpe, após uma escancarada fraude eleitoral não pode ser de “respeitar o resultado das eleições”. Necessário unir todos os trabalhadores da cidade e do campo. A única frente única que faz sentido ser criada é uma frente de luta, para enfrentar esse governo. Ou seja, uma frente que tenha como perspectiva geral, como estratégia a derrota total do governo do Bolsonaro, que é um governo ilegítimo, que foi colocado pela fraude. Que não por coincidência já continua o programa neoliberal do governo Temer.
“Da Página do MST
As famílias do acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, Sul do estado de Minas Gerais, emitiram um comunicado denunciando a ameaça de desfecho trágico de um conflito rural que já dura mais de 20 anos. Um dos conflitos agrários mais antigos do país, o acampamento viu do atual governador a promessa de tornar-se assentamento, mas uma nova ameaça de despejo surpreendentemente se apresenta.
Confira a íntegra da mensagem do MST na região:
Nós, famílias da regional do MST do Sul de MG, do Quilombo Campo Grande, queremos denunciar a ação fascista contra a nossa luta de 20 anos.
Aqui, as famílias, depois de tantos anos, já contam com infraestrutura de energia elétrica, casas de alvenaria e produzem uma grande diversidade de produção agroecológica, como café, muitas variedades de milho, feijão, hortaliças, frutas, sementes orgânicas gado, galinhas, porcos.
Essas famílias geram, com seu trabalho, soberania alimentar, não apenas para quem produz e vive na terra, mais para milhares de pessoas que passaram a ter acesso a um alimento saudável, sem veneno e de qualidade.
Os acampamentos também geram distribuição de renda. A terra, que era apenas de um dono, agora traz dignidade para quase 450 famílias, mais de 2.000 pessoas que estavam quase tendo seu sonho de ter a posse da terra realizado com um decreto estadual.
Mas agora, através de um conluio jurídico entre os grandes fazendeiros, deputados da bancada ruralista e empresas do agronegócio da região, estão organizando um processo de despejo para as famílias que moram e resistem ao longo desses 20 anos de luta.
Inaceitável a situação! Há dois meses atrás as famílias quase tinham sido assentadas e agora podem perder tudo o que construíram ao longo desses anos.
Esses é um dos conflitos agrários mais antigos do país. Pedimos apoio das organizações parceiras, amigos, apoiadores, para estarem presentes no dia da audiência dia 7 de novembro as 13h, no fórum de Campos Gerais.
Somos resistência!
A luta pela Adrianópolis é a Luta pela democracia!”