Os números do Coronavírus no Brasil já são extremamente altos e preocupantes, e as estimativas são de que o País será o maior prejudicado na pandemia entre todos os países do mundo, até o final do pico de infecções. Até agora, segundo dados oficiais, o Brasil já ultrapassou a marca de um milhão de infectados e 51 mil mortes, mas aquilo que já é uma tragédia pode ser ainda pior. Na cidade de São Paulo, está sendo realizado um Inquérito sorológico, numa tentativa de dimensionar a real situação da pandemia na cidade, cidade esta que é a mais rica do país e o maior centro urbano, e os primeiros resultados demonstram o verdadeiro descontrole brasileiro diante da pandemia.
Para o estudo, foram sorteadas 45 mil pessoas de todos os distritos da cidade, além de serem de diferentes faixas de renda entre outros critérios, para que seja criada uma amostra da cidade e dimensionar a real situação dos paulistanos na pandemia. Segundo dados preliminares, afinal somente cinco mil testes foram realizados, a taxa de infecção na cidade é de pelo menos 9,5%, o que representa 1,2 milhões de pessoas. Em dados oficiais, o número de infectados até o momento é de 120 mil, ou seja, os números oficiais representam apenas 10% daquilo que seria a real dimensão do problema. Isso ocorre porque as pessoas não estão sendo testadas, e quando são isso ocorre apenas em casos em que o paciente apresenta graves sintomas, ou seja, os assintomáticos nem sequer sabem que estão com a doença e continuam circulando livremente em comércios, transportes públicos lotados, todos os lugares mais propícios para disseminação do vírus, afinal ninguém tem ou teve a real oportunidade de ficar em casa e se proteger.
A situação preocupante e que demonstra o total descontrole dos governos quanto à pandemia não é exclusiva da cidade de São Paulo. Em Fernando de Noronha, ilha pertencente ao estado de Pernambuco, um inquérito sorológico também foi realizado, revelando outro dado preocupante: segundo os dados, pelo menos 4,7% dos moradores da ilha já foram infectados, o que representa 140 pessoas, mas em dados oficiais esse número cai pela metade, apenas 71 casos foram notificados e se encontram nas estatísticas oficiais.
Os dados de subnotificação mostram que os brasileiros dificilmente terão uma real dimensão do que está acontecendo no país nesta pandemia, já que não há plano algum para que a situação mude e nem soluções são apresentadas para os problemas. Se na maior cidade do país, mais rica e mais desenvolvida, a subnotificação é de dimensões tão grandes, o que esperar de menores cidades e com menos recursos? Se considerarmos as estatísticas de São Paulo e aplicá-las ao Brasil, o que seria um milhão de infectados na verdade ultrapassa a marca de 10 milhões em todo o País. Enquanto é recorrente a marca de mil mortos a cada 24 horas no país, as pessoas continuam sem testes, e a vida segue “normalmente” na grande maioria das cidades do Brasil. O comércio, as indústrias, a construção civil, os shoppings e até mesmo os parques de diversões estão sendo abertos e os trabalhadores estão sendo obrigados a se exporem ao vírus e também colocando em risco a sua própria classe por não saberem que estão doentes e podendo estar infectando outros trabalhadores em transportes públicos lotados e em seus ambientes de trabalho.
Toda essa situação só acontece porque quem deveria prover as reais condições para que todos pudessem se proteger apenas se omite e deixa o trabalhador largado à própria sorte enquanto garante que os privilégios das classes mais abastadas prevaleçam. Governos, prefeituras e o presidente Jair Bolsonaro são os verdadeiros culpados por esta grande tragédia que assola os brasileiros. Estamos às cegas, sem perspectivas de como iremos sair dessa situação, todos os dias os trabalhadores brasileiros vivem a incerteza se vão ou não conseguir sobreviver à pandemia, afinal estão completamente desamparados pelo Estado burguês genocida.
A situação pede a luta pelos direitos, pela vida e pela derrubada dos governos golpistas e genocidas. É preciso sair às ruas não apenas para trabalhar e garantir os lucros burgueses, mas também é preciso lutar para que os trabalhadores não virem só mais uma estatística entre número de mortos e infectados pela pandemia. O que mais mata o trabalhador não é apenas o vírus, mas a política de omissão e genocida que o Estado burguês coloca contra ele, e é isso que precisa ser derrubado e acabado, e isso só será possível com a união dos trabalhadores.