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Universidade Marxista

Stalinismo, 2ª aula do curso: URSS e a burocracia reacionária

O principal tema desta aula foi a apresentação de como se desenvolveu a repressão na URSS e a caracterização da burocracia stalinista e da burocracia em geral

Nesta quinta (7) ocorreu a 2ª aula do curso “O que foi o stalinismo” da 46ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária (PCO) e da Aliança da Juventude Revolucionaria (AJR). Na última terça (5), a 1ª aula tratou do papel histórico do stalinismo, dando um panorama geral do fenômeno. Nesta segunda aula, explicou-se o que foi a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), alguns dos absurdos cometidos pela burocracia stalinista e uma ampla caracterização do stalinismo e da burocracia em geral.

Mil inscritos! Um curso único no País e no mundo

Durante um dos intervalos para as perguntas, o companheiro Henrique Áreas, anunciou que o curso atingiu a marca dos 1.000 inscritos e mais de 1.300 confirmados. Um dado do grande interesse que há pelo estudo do marxismo, ou seja, pela compreensão concreta sobre a sociedade e seus acontecimentos históricos.

O curso tem linguagem simples e acessível a todos, tem aulas todas as terças e quintas e irá até o dia 25 de fevereiro. Ainda não se inscreveu? Mais informações e link aqui.

Conduzida pelo companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do PCO, a segunda aula iniciou citando alguns exemplos da repressão política na URSS. A partir de 1927, o dirigente do Partido Bolchevique, Leon Trótski, criador e líder do exército vermelho, foi expulso do Partido e da União Soviética.

Este acontecimento é bastante relevante, dada a importância de Trótski. O bolchevique foi o segundo no comando da Revolução Russa de 1917, apenas atrás de Lênin. Criou e liderou o maior exército revolucionário que o mundo já viu, o exército vermelho, que chegou a ter mais de 5 milhões de soldados e que derrotou 14 exércitos estrangeiros, de países imperialistas, que invadiram a Rússia durante a guerra civil a partir de 1917. A perseguição a ele, abertamente pelo governo soviético, sob o comando de Stálin, marcava uma etapa da degeneração do governo operário, que foi percebida, como explicou Rui, por uma série de intelectuais e militantes revolucionários na época. Se Trótski era tratado desta forma, era o prenúncio do que viria a ocorrer com qualquer outro militante ou pessoa comum.

E foi exatamente assim. A partir de 1930 a repressão se intensificou cada vez mais. Rui apresentou vários exemplos de como a violência do stalinismo contra as massas foi aumentando, com repressão aos trabalhadores, como no caso da greve da construção civil na Alemanha Oriental em 1953, em que as tropas soviéticas atiraram contra os operários em greve.

Rui explicou que Stálin desempenhou um papel ativo e nefasto em relação à classe operária e às suas lideranças. No entanto, que a burocracia stalinista era um fenômeno social, ou seja, que ia muito além do indivíduo. Mesmo após a morte de Stálin, a burocracia stalinista continuou adotando a mesma política, opondo-se violentamente à mobilização revolucionário de 1968, por exemplo. Naquele ano, os estudantes se levantaram em vários locais do mundo, sobretudo na França. Porém, a orientação geral do stalinismo foi que os partidos comunistas se opusessem às mobilizações, que segundo eles viriam de “grupelhos de estudantes” que não representavam a classe operária.

No entanto, isto foi desmentido ainda em 1968, quando na Tchecoslováquia, a mobilização dos estudantes teve um grande apoio da classe operária, criando uma grande oposição ao regime stalinista, que em resposta ocupou o País e esmagou a mobilização.

Nesta época, muitos intelectuais e revolucionários pelo mundo já tinham uma desconfiança muito grande e mesmo uma oposição ao stalinismo e aos partidos comunistas que a burocracia soviética dirigia. Várias revoluções, inclusive, como o caso da chinesa e da cubana, ocorreram à revelia do stalinismo. Rui citou a música de Geraldo Vandré “quem sabe faz a hora, não espera acontecer” e a fala de Fidel Castro “no longo prazo estaremos todos mortos” como exemplos de figuras relevantes e expressivas, que se opunham claramente à política do stalinismo de se colocarem contra todas as mobilizações do período.

Por que a URSS não deu certo?

Num outro tópico da 2ª aula, Rui passou a apresentar as várias teses sobre porque a União Soviética não teria dado certo. Falou da tese sobre o marxismo como responsável pela degeneração, abordagem comum em setores de esquerda. Bem como a tese da ditadura, que o stalinismo seria um desenvolvimento comum de qualquer ditadura.

Ele pontuou: “Se o stalinismo fosse consequência da ditadura em genérico, haveria ditadura em todo lugar.” Também falou da tese sobre “ter faltado democracia”: “A democracia [burguesa] não resolve nem o problema da própria democracia.”

Em seguida, Rui fez uma ampla explicação do que é a burocracia, falando sobre seus tipos, como a sindical, empresarial e estatal. “No capitalismo, a burocracia sindical está ligada aos capitalistas… O Estado Moderno é uma gigantesca máquina burocrática.”

Deu exemplos como o tamanho do Estado brasileiro, que tem cerca de 500 mil PM’s, 500 mil soldados das forças armadas, milhares de juízes, entre outros, todos partes de uma gigantesca máquina que sobrevive às custas dos trabalhadores produtivos.

Explicou que, neste sentido, a única diferença entre a burocracia no capitalismo e a burocracia soviética é que nesta última não havia nenhum capitalista diretamente controlando-a. Também explicou características da burocracia, como: 1. Casta; 2. Parasitismo; 3. Ineficiência; 4. Privilégio.

No fim das contas, Rui constatou que a classe operária soviética não conseguiu manter o poder do Estado, conquistado através da revolução de 1917. Através de todas as dificuldades, sobretudo impostas pela guerra e pelo atraso material do País, o poder estatal foi ganho pela burocracia stalinista, que não apareceu do nada, mas já estava presente em 1917, quando passou a se enfrentar com a classe operária, até suprimi-la completamente.

Ainda está em dúvida sobre participar? Confira o que os participantes estão achando!

Adriano Teixeira, de Paranavaí-PR: “Bom, como militante do PCO, já esperava a grandiosidade do curso, vindo do Partido e apresentado pelo Rui… o que mais me chamou a atenção foi os companheiros da oficina em que trabalho hoje se programando para chegar em casa no horário para verem a segunda aula do curso.”

O companheiro ficou preocupado em como seus amigos do trabalho, operários numa oficina mecânica, iriam reagir ao curso que, segundo ele, tem um tema bastante “específico”.

“Uma situação histórica única, que foi a revolução russa. Imaginei que nomes e datas poderiam deixar os companheiros, que não fazem parte de nenhuma organização política ou movimento organizado da esquerda, poderiam ficar confusos ou não se adaptarem para assistir uma aula de história política de três horas, depois de saírem do trabalho extremamente cansativo”, completou.

O receio do companheiro é bastante comum, dado que a esquerda em geral não incentiva a classe operária à organização política. Pelo contrário, como tem sido visto na Câmara, a esquerda arremeda a política da burguesia e se abraça com os inimigos dos trabalhadores (como Baleia Rossi, MDB, PSDB, DEM…), o que gera uma desmoralização da política e a ideia de que os trabalhadores não irão se interessar pela política. Por essa política burguesa, não mesmo!

No entanto, como explicou o companheiro Rui nesta mesma aula: o papel dos revolucionários, como dito amplamente por Lênin, é justamente explicar, explicar, explicar para permitir que, através da própria experiência, as pessoas assimilem politicamente os acontecimentos à sua volta e adotem a política correta do seu ponto de vista da classe operária.

O companheiro Adriano ainda disse: “tinha esquecido que é o Rui, e que a linguagem usada, os exemplos e a explicação é diretamente para a classe trabalhadora e oprimida… estou achando o curso ótimo e estou surpreso com os companheiros do meu local de trabalho (oficina) comentando os assuntos discutidos no curso e o empenho deles para assistir nos horários programados… Dentro de um grupo de WhatsApp que nós temos da oficina eles estão discutindo os exemplos que o companheiro Rui dá durante a aula em tempo real. Tenho total noção e convicção de que esse tipo de acontecimento – o curso – pode mudar inteiramente a vida deles. Na minha opinião as duas aulas foram ótimas, a aula 2 sobre a ‘burocracia’ foi muito bem detalhada e explicada. E como disse um amigo meu depois da primeira aula, ‘agora eu sei o que é socialismo’. É isso.”

Também sobre suas impressões do curso, o companheiro Diogo Furtado, de Curitiba, contou:

O que mais me chamou a atenção foram os comentários de surpresa e elogio dos companheiros simpatizantes do partido sobre o palestrante. Estou de acordo, como participante também me surpreendi com os esclarecimentos de questões básicas sobre o próprio comunismo e as revoluções, sobre o que realmente é de forma palpável, contrapondo o que há de propaganda na imprensa e na própria esquerda. Rui coloca sobre o comunismo que o objetivo não é dividir coletivamente a miséria e ser ‘mais feliz’, mas coletivamente produzir e desfrutar das mais altas riquezas tecnológicas e sociais em uma sociedade sem classes; também da desmistificação dos processos revolucionários e do funcionamento do stalinismo como as burocracias sindicais. O companheiro passa realmente muita firmeza e a saudação é geral.

 

Perdeu a 2ª aula? Ainda dá tempo! Inscreva-se agora!

Para participar do curso basta acessar a plataforma da Universidade Marxista através do endereço universidademarxista.pco.org.br, preencher os dados e pagar a inscrição, que custa o preço simbólico de apenas R$100,00 (cem reais)!

Antes do início da 1ª aula, foi apresentado um tutorial do funcionamento do curso, dos grupos de estudo, da plataforma da Universidade Marxista, do acesso à Enciclopédia Marxista e à Biblioteca Socialista. Todas as aulas ficam disponíveis por 6 meses para que os inscritos possam ver e rever quando quiserem.

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