Sri Lanka não é um país muito noticiado na imprensa internacional, exceto em casos como o das explosões deste domingo (21/4), contra 3 igrejas e 3 hotéis de luxo em cidades importantes do país.
Acontece que os atentados não são por acaso. O país atravessa dura crise política. Em outubro do ano passado, o presidente Maithripala Sirisena nomeu como primeiro-ministro o ex-presidente Mahinda Rajapaksa, no lugar do então empossado Ranil Wickremesinghe. O movimento gerou grave crise no governo. Foi mais um golpe típico da atual crise capitalista, quando forças da grande burguesia racham e as rupturas entre poder executivo e legislativo se aprofundam, levando o país a uma situação insustentável.
No acirramento das tensões, a burguesia procura reprimir como pode as revoltas que aparecer a qualquer momento. Para isso, ela se utiliza de expedientes como os que se verificam neste caso. Logo na sequência dos atentados, o governo estabeleceu um toque de recolher nacional, para seus mais de 20 milhões de habitantes, das 18h desta noite às 6h da manhã. Além do mais, estabeleceu um bloqueio temporário de redes sociais como Facebook, Instagram, Youtube, Whatsapp e outras, sob o curioso pretexto de “evitar a disseminação de notícias falsas.”
Cabe lembrar que o toque de recolher nacional é uma medida impopular e que afeta principalmente o sustento dos trabalhadores mais pobres, que atuam na informalidade. Além disso, a interrupção de serviços de comunicação é prejudicial, também ao povo, que precisa de meios de contato para se atualizar sobre a situação, falar com parentes etc. A maior razão para esta interrupção não é bloquear notícias falsas, mas as notícias verdadeiras, que aumentam o desgaste do governo. Qualquer governo em crise que sofre tamanho atentado vira alvo de crítica de todos os lados.
Temendo perder o controle, o governo impopular e dividido de Sirisena se viu forçado a adotar estas medidas extremas. São demonstrações de um desespero. Incapaz de controlar a população através de um governo estável, o presidente precisa parar o país inteiro e interromper suas vias de comunicação. Não é uma exceção, mas um padrão que tende a se repetir no capitalismo decadente da atualidade.