Os indígenas já perceberam que figuram entre os principais alvos do bolsonarismo. Quilombolas e pequenos camponeses também se encontram nesta situação. Como continuidade do golpe, Bolsonaro está abrindo todas as portas para a invasão do grande capital sobre o interior do Brasil. De mineradoras a madeireiras, de latifundiários do “agronegócio” a especuladores imobiliários, todos estão de olho nas terras que hoje são reserva de biodiversidade e servem ao sustento de comunidades indígenas e de pequenos produtores rurais.
Bolsonaro tem desferido uma série de golpes sobre órgãos fiscalizadores como o Ibama e a Funai, visando dificultar o controle sobre as invasões de reservas florestais, e retirar da administração pública servidores que faziam a interlocução entre o Governo e os indígenas.
Nesta quarta-feira (27/11), indígenas da Baixada Santista, Vale do Ribeira, Litoral Norte e da cidade de São Paulo ocuparam a base da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Itanhaém. O protesto era contra a substituição da coordenação regional, que foi feita de maneira autoritária, sem consultar os indígenas. Como, aliás, é de praxe num governo que institui “diretores biônicos” nos órgãos públicos, universidades e afins, sem ouvir a comunidade que é representada pela instituição. Os indígenas exigem a imediata readmissão de Cristiano Hutter, exonerado, e querem ter participação nas decisões do órgão.
A exoneração é, além do mais, ilegal, segundo a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho, pois a mudança de coordenação não poderia ser feita sem uma consulta aos indígenas. Cristiano Hutter já trabalhava há 19 anos junto àquelas comunidades.
Os indígenas fizeram o que é certo diante do autoritarismo da burguesia: ocupar as instâncias de poder e não permitir que elas sejam dirigidas por quem não represente seus interesses.