Uma pesquisa feita por Saine Lee, professora de História na universidade de Birmingham (Inglaterra), e por Susan Bartels, cientista clínica na universidade Queen’s, em Ontário (Canadá), mostrou que soldados enviados para a missão “Minustah”, no Haiti, estupraram mulheres e crianças e abandonaram os filhos.
Duas mil e quinhentas mulheres que moravam perto de bases das “forças de paz” foram entrevistadas e, entre elas, 265 relataram ter filhos de membros dessas forças. De acordo com o estudo, crianças também foram abusadas: “Meninas de 11 anos foram abusadas sexualmente e engravidadas”.
A maioria das história contadas pelas mulheres relatava que os soldados por vezes ofereciam dinheiro ou até comida por sexo (mesmo para as menores de idade) pelo fato dessas pessoas serem extremamente pobres. Ainda tiveram casos em que o soldado e a mulher firmaram um relacionamento, que teria acabado quando as forças se retiraram do país. Foram identificados soldados de pelo menos 13 países nos relatos, mas os principais eram brasileiros e uruguaios.
No Uruguai o atual governo foi eleito devido a uma intervenção militar nas eleições. Lá, os militares estão ganhando cada vez mais poder político, em detrimento da esquerda e do povo. Já no Brasil, é preciso ressaltar que muitos dos altos escalões do governo Bolsonaro participaram da “missão de paz” da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, sendo o responsável pelas tropas brasileiras no país o general Augusto Heleno, também acusado de permitir uma chacina que matou 60 pessoas em uma favela em Porto Príncipe, capital do Haiti.
O fato do Haiti ser um país pobre faz com que essa intervenção seja semelhante à qual os militares fizeram nas favelas do Rio de Janeiro, que também contam com denúncias de abusos sexuais, além das terríveis chacinas realizadas contra a população.
Com o avanço da extrema-direita na América Latina, as intervenções, sejam internas ou externas — uma vez que o imperialismo já está ligado aos governos fascistas — tendem a se intensificar não só em quantidade, mas em violência. É preciso mobilizar o povo contra essa política fascista de ataque às mulheres e ao povo pobre, e é necessário fazê-lo nas ruas.