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Sobre cadeirinhas, vaquejadas e radares

Entra em vigor hoje projeto enviado pela presidência da República ao Congresso Nacional que retira os radares móveis das rodovias federais. A decisão faz parte de um pacote que pretende flexibilizar leis de trânsito e prevê também o fim da obrigatoriedade do uso de cadeirinhas para o transporte de crianças e a duplicação do limite de pontos da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Segundo a imprensa burguesa, Jair Bolsonaro afirmou que os radares móveis servem apenas como “caça níqueis”.

A medida, no entanto, não vai extinguir totalmente os “caça níqueis” já que segundo dados oficiais são 8 mil radares fixos que continuarão multando os motoristas em todo o País. Além disso, a medida não afeta as estradas estaduais. Bom para o PSDB, partido dos radares, que continuará roubando o dinheiro do povo nas rodovias paulistas.

Tais medidas foram motivo de gritaria histérica por parte da imprensa golpista. Os jornais trouxeram à tona novamente o amontoado de estatísticas que provariam como seria essencial para diminuir os acidentes e mortes no trânsito a presença de radares. Cinismo típico da imprensa burguesa que finge se preocupar com a vida da população, desconsiderando inclusive os 8 mil radares fixos continuam nas estradas.

Enquanto a burguesia faz campanha cínica em defesa da vida mas com os olhos nos bolsos do cidadão que é roubado diariamente com multas absurdas no trânsito, Jair Bolsonaro joga para sua plateia. Ao “denunciar o caça níqueis” ele toca naquilo que a maioria da população está cansada de saber; e faz demagogia com sua base social.

E a esquerda pequeno burguesa diante desse jogo demagógico de Bolsonaro e do cinismo de setores da burguesia faz o que? Se junta ao coro histérico da burguesia a favor da indústria das multas. Ao invés de denunciar que a política de Bolsonaro não passa de demagogia e que se fosse séria acabaria com todos os radares e proibições absurdas no trânsito, se junta aos setores tradicionais da burguesia para defender o roubo do cidadão através da indústria da multa. E com isso, a esquerda pequeno burguesa se mostra mais uma vez um fantoche da burguesia e ao mesmo tempo completamente descolada dos interesses do povo.

O povo sabe que radares e proibições no trânsito não passam de mais leis para atacar a população pobre. A esquerda não sabe disso porque não faz parte do povo.

Além de todo o absurdo que é defender que o Estado capitalista tenha o poder de controlar e reprimir a vida do cidadão no trânsito é preciso dizer que acreditar que o aumento das leis irão resolver o problema também nem deveria fazer parte de um pensamento de esquerda ou progressista. Quem realmente está interessado em diminuir as mortes no trânsito não vai exigir mais repressão, que já está provado que não funciona, mas a melhoria na estrutura das estradas, um serviço de transporte coletivo mais eficiente e até mesmo uma maior educação no trânsito. Nunca mais repressão e controle do Estado burguês sobre a vida do povo.

Nesse final de semana aconteceu ainda outro episódio que vai no mesmo sentido. Bolsonaro esteve no sábado, dia 17, na abertura da Festa do Peão de Barretos, o mais tradicional evento do tipo no País e o maior da América Latina. Como faria qualquer presidente da República, o golpista “prestigiou” o evento e fez discurso. Aproveitando que estava diante de uma plateia mais favorável à sua política, já que ali se encontra em geral uma base social ligada direta ou indiretamente aos latifundiários ou influenciada por eles, Bolsonaro afirmou: “neste momento em que muitos criticam a festa de peões e a vaquejada, quero dizer com muito orgulho que estou com vocês. Não existe politicamente correto”.

A defesa das vaquejadas e festas de boiadeiros foi outra deixa para que a esquerda pequeno-burguesa desferisse nova histeria. A imprensa burguesa, por sua vez, mais cautelosa com esse tema, não deixou de insinuar que Bolsonaro é um grande mau caráter por defender tais festas.

E assim, novamente assistimos ao papelão da esquerda que se acha tão inteligente diante do verdadeiro jumento que é o presidente da República (e essa é mais firme das verdades) levar um nó político. O jumento, montado a cavalo, novamente jogou para a plateia, fazendo demagogia. A esquerda mordeu a isca e se colocou novamente a favor de uma medida impopular.

Ninguém é obrigado a gostar de festas de peão e vaquejadas, mas se colocar a favor que o Estado repressivo proíba tais manifestações que estão presentes há séculos na cultura popular do País é mostrar total insensibilidade diante dos anseios do povo. Pior ainda é defender novamente que o Estado tenha poder irrestrito para reprimir e censurar qualquer tipo de manifestação cultural. Tudo em nome do bem estar dos animais, pois tudo isso vem sempre ligado a alguma justificativa moral.

Tanto no caso das leis de trânsito como no caso das vaquejadas e festas do peão Bolsonaro não está nada mais do que fazendo demagogia. Para ele e seus asseclas não faz a menor diferença se o povo vai ser perseguido com multas no trânsito ou se o o povo que organiza festas de peão serão proibidos pelo Estado de realizar seus festejos. Mesmo porque Bolsonaro nem do Brasil gosta, e por isso mesmo não dá a mínima para a cultura popular e menos ainda para o povo brasileiro.

Para a população, no entanto, está em jogo ter seus festejos reprimidos ou não. A esquerda, que vive nos bairros de classe média das cidades, também não liga a mínima para isso, pelo menos até que a repressão às vaquejadas se torne repressão às baladas, ao carnaval etc. Coisa que já está acontecendo. Aí, talvez ela entenderá que não vale a pena dar tanto poder para o Estado capitalista, por maior que pareça a justificativa moral para isso.

E o mais absurdo de tudo é que enquanto Bolsonaro e todos os golpistas destroem o País, privatizando tudo, acabando com leis trabalhistas, destruindo a Previdência, destruindo a economia nacional etc, a esquerda pequeno-burguesa ao invés de lutar politicamente para derrubar o governo de conjunto, se preocupa em fazer inferninho com os radares, as cadeirinhas e a vaquejada.

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