No dia 12 de fevereiro, o golpista Paulo Guedes proferiu uma palestra em Brasília num evento com a participação de outros ministros do atual governo fascista, como Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tarcísio de Freitas (Infraestrutura). O público era formado principalmente por empresários. O bilionário Jorge Gerdau estava presente.
Guedes cometeu a seguinte pérola ao falar sobre o aumento do dólar:
“O câmbio não está nervoso, (o câmbio) mudou. Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa danada. Pera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai passear ali no Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeiro do Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu, vai passear no Brasil, vai conhecer o Brasil. Está cheio de coisa bonita para ver.”
Uma óbvia manifestação de desprezo pelo povo. Só confirmou a opinião generalizada a seu respeito, segundo a qual ele é um serviçal dos exploradores, uma “tchutchuca” dos capitalistas; um opressor desavergonhado das camadas pobres da população, um “tigrão” que sufoca descaradamente toda a classe trabalhadora.
No entanto, o mais importante é que não se trata de uma opinião individual. A fala de Guedes reflete o pensamento da classe à qual ele pertence e da qual é uma “tchutchuca” – a burguesia, o empresariado que parasita os trabalhadores. Ocorre que Guedes, assim como Bolsonaro, expressa o seu despeito contra o trabalhador de forma escancarada, grosseira, e não tem uma máscara “civilizada”. Partidos da direita “civilizada”, como o PSDB, tentam esconder um pouco esse despeito, mas é preciso abandonar todas as ilusões: a sua mentalidade é idêntica à de Bolsonaro e Guedes no que se refere aos temas fundamentais, à previdência, à repressão policial etc. Aliar-se ao PSDB para combater Bolsonaro é obviamente uma ideia absurda.
Além disso, Guedes afirmou que “o dólar alto é bom para todo mundo”. Reagindo à fala do ministro golpista, o dólar comercial se valorizou em relação ao real, atingindo o pico histórico de R$ 4,38 e encerrando o dia em R$ 4,35. Segundo dados da imprensa capitalista, o dólar valia R$ 4,32 no dia 11 de fevereiro; no dia 2 de janeiro valia R$ 4,02.
Diante dessa valorização acelerada do dólar, é interessante lembrar do juiz Itagiba Catta Preta Neto, o coxinha pseudonacionalista que, em março de 2016, suspendeu a nomeação de Lula como ministro de Dilma. O juiz participou de campanhas e manifestações de rua em favor do golpe de estado. Na sua página do Facebook, ele escreveu: “Ajude a derrubar a Dilma e volte a viajar para Miami e Orlando. Se ela cair, o dólar cai junto”. Quase quatro anos após o golpe, o resultado esperado pelos coxinhas virou pó.
O desemprego permanece alto. De acordo com estudo da OIT (Organização Internacional do Trabalho), a taxa de desemprego no fim de 2019 foi de 12,1%. São previstas queda de 0,1% nessa taxa para 2020 e quedas não menos medíocres para os próximos anos. Trata-se do patamar mais alto de desemprego nos últimos 30 anos, muito distante, por exemplo, dos 6,7% de 2014.
O golpe só aprofundou as mazelas sociais do Brasil. É preciso cortar as cabeças do atual regime e impedir que ele se transforme numa ditadura perfeitamente fascista. Fora Bolsonaro e todos os golpistas!