Em pesquisa publicada no último dia 04 de setembro, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) constatou que o número de brasileiros desempregados aumentou na segunda semana de agosto em comparação com a primeira semana do mesmo mês, quando ocorreu uma leve queda de 2,3%. Se na primeira semana de agosto 12,6 milhões de brasileiros estavam desempregados, já na semana seguinte subiu para cerca de 12,9 milhões, um aumento de 13,3% para 13,6%. Apesar do aumento, o IBGE afirma que houve estabilidade na taxa de desemprego e que tal elevação no contingente se deve a reabertura do comércio, após o período de isolamento social contra o coronavírus. Com a retomada da atividade comercial, mais pessoas teriam entrado na estatística por terem decidido procurar emprego.
Dentro destas estatísticas, o órgão detalha a queda de aproximadamente 1 milhão no número de pessoas que gostariam de trabalhar mas não foram atrás de emprego na segunda semana de agosto. Inicialmente, 28,1 milhões de brasileiros se enquadravam na estatística, caindo posteriormente para 27,1 milhões Parte deste índice conseguiu encontrar uma ocupação, enquanto a outra parte permaneceu desocupada. Em outro quesito, o de brasileiros que desejariam trabalhar mas não procuraram emprego por causa da pandemia ou por falta de oferta de emprego no local em que vive, a queda foi de 18,3 para 17,7 milhões de pessoas. Ainda no mesmo estudo, 75,1 milhões de pessoas possuem ocupação e não foram afastadas do trabalhos, ou seja, tiveram que sair de casa para trabalhar durante a pandemia, correndo o risco de se contaminarem com o coronavírus.
Se por um lado houve aumento no número de desempregados, por outro houve também crescimento no contingente de trabalhadores informais, sinal da grave situação de subemprego. No estudo, 29 milhões de brasileiros trabalham na informalidade, o que faz a taxa de informalidade ficar em 34%. Para o IBGE, se encaixam no perfil de trabalhador informal aquele que possui emprego no setor privado sem carteira assinada, atua como empregado doméstico sem carteira assinada, trabalha por conta própria sem possuir CNPJ ou é empregador sem CNPJ. Com a destruição dos direitos trabalhistas, que vem ocorrendo com maior intensidade desde o golpe de 2016, cada vez mais trabalhadores são jogados para a informalidade, sob a propaganda de que estes agora viraram empreendedores, patrões de si mesmos ao trabalharem, principalmente, como motoristas e entregadores de aplicativo.
O levantamento do IBGE aponta também que num período de três meses, indo de maio a agosto, houve uma expressiva queda de 74% no número de trabalhadores que permanecem afastados do trabalho por conta da pandemia. Se em maio 16,2 milhões de trabalhadores ficaram longe do trabalho, em agosto eles eram 4,3 milhões, sinal de que uma imensa massa de trabalhadores já foi obrigada a voltar ao trabalho sendo que a classe política de conjunto nada fez de efetivo para combater a covid-19, que continua fora de controle no Brasil.
O aumento na taxa de desempregados e de trabalhadores informais reflete a farsa da política adotada pelo governo Bolsonaro de que reduzindo salários e jornada de trabalho e apoiando financeiramente as empresas os capitalistas não demitiriam. A realidade, que provavelmente possui números maiores que os apresentados pelo IBGE, mostra que os maiores prejudicados com a pandemia são os trabalhadores, que além de viverem em condições muito propícias à proliferação do vírus nas periferias, são forçados a pagar pela crise financeira da burguesia.