Na última sexta-feira (15), um homem de 30 anos de idade com sintomas de COVID-19, ficou preso por 24 horas dentro de uma viatura da PM, em frente à 146ª Delegacia de Polícia, na baixada Fluminense – RJ. O mesmo não foi aceito no sistema prisional, o que acarretou a burocracia.
O suspeito foi preso por tráfico de drogas no conjunto de casas populares do Parque Aldeia, na tarde desta quinta-feira (14) e apresentava febre quando foi detido.
De acordo com a mãe da vítima, a polícia levou o homem ao hospital da Beneficência Portuguesa, onde funciona o Centro de Controle e Combate ao Coronavírus, mas ao chegarem ao local, foram informados que não havia o teste rápido para Covid-19. Também relata que o filho tem problemas respiratórios, bronquite asmática, está com febre, e gripado – “ Eu tenho aqui o papel da Beneficência. Ele precisa ficar isolado, precisa de medicamentos, e ele está a noite toda naquela situação ali. Na chuva e na friagem”. E relata também que o suspeito chegou a ter que fazer as necessidades fisiológicas ao lado da viatura.
O delegado titular da 146 ªDP, Pedro Emílio, informa que “ Em determinação de nossa administração superior, não podemos receber o preso, tendo em vista medidas de Direitos Humanos, e total falta de condições de que aqui na Delegacia manter esse preso custodiado” – explicou. E também informou que no dia anterior, outro preso também passou pela mesma situação até que saísse uma decisão da Justiça, já que a polícia não pode mais manter suspeitos encarcerados por medidas de prevenção.
Sobre a falta de testes na unidade de saúde, a Prefeitura de Campos disse que a informação não procede, e que o paciente em questão foi atendido pela equipe do Centro de Controle e Combate ao Covid-19 e não apresentava quadro clínico para a realização de teste.
Ou seja, para fazer o teste para COVID-19, apenas se tiver morrendo. Sim, a única explicação plausível para esse descalabro, é essa.
Uma pessoa com suspeita de COVID-19,que já possui outras comorbidades, não pode testar, pois não apresenta quadro clínico para a realização de teste? É mais fácil apresentar essa justificativa, do que admitir o descaso do desgoverno carioca, quanto a atual crise sanitária que o estado e o país enfrenta.
Os cidadãos do Rio de Janeiro não possui testes o suficiente, não possui leitos, não tem medidas de salvaguarda para os que estão sem renda por conta desta pandemia, mas eles sempre podem contar com a polícia carioca, para fazer o que ela faz de melhor: reprimir e barbarizar a população .
Sempre sob o pretexto de combate ao narcotráfico, que os moradores dos bairros populares, são contemplados com este tipo de tratamento por parte da PM do Rio de Janeiro. Mesmo sob a severa crise sanitária que enfrentamos, a corporação da PM tem indolência de fazer isso com um suspeito, deixando muito claro, que a população pobre e periférica, são vistos nada mais nada menos como animais, que podem ficar presos em contêineres, até o momento em que os seus donos decida soltá-los.
Por essa razão, que é necessário o aprofundamento do debate sobre o fim da PM, o mais rápido possível, pois do contrário, sempre seremos espectadores destas aberrações que são praticadas por esta corporação, em bairros pobres.
Outro ponto, é que o povo precisa se unir em seus bairros e cidades, para criação de conselhos populares, onde será possível lutar por um programa que irá garantir que todo o suprimento necessário para combate à pandemia, seja atendida, como por exemplo, a massificação de testes e aumento de leitos com os respiradores.