O Joe Biden brasileiro

Será mesmo que Doria é melhor que Bolsonaro?

Muita propaganda está sendo feita numa campanha com vacinas ainda inexistentes, enquanto isso São Paulo tem 1/4 das mortes pela COVID-19

Nos últimos dias temos assistido uma farsa grotesca em relação ao problema da vacina contra o coronavírus e uma pretensa luta dos governadores contra a pandemia. Uma falsificação total.

Desde o começo deste ano uma ampla campanha de marketing tem sido feita pelos governos principalmente, pelo genocida João Doria, sobre que estaríamos “rumo ao fim da pandemia” com início da campanha nacional de vacinação.

Uma operação de marketing

Primeiro é preciso deixar claro que não há produção de vacinas no país, as perspectivas mais otimistas dos laboratórios nacionais é para início no segundo semestre deste ano, provavelmente em novembro, somente podendo à partir de então haver uma quantidade suficiente de vacinas para que haja uma real vacinação em massa da população.

As vacinas que estão chegando ao país estão sendo completamente importadas, pois chegam prontas e estão sendo simplesmente envazadas no país. É preciso destacar que a vacina é uma mercadoria, um produto valiosíssimo que está sendo disputado por todo o mundo, fator que já resultou num atraso de envio de doses da China e da Índia, somado à completa falta de preparo dos governos. Sim, dos governos, pois não é só o o governo Bolsonaro o incompetente e genocida, o governo Doria também pouco fez de fato quanto à vacina. Poderia, por exemplo, ter investido na produção pelos laboratórios do Estado, intervido nos privados para desenvolver a própria vacina, contratado equipes médicas, pesquisadores para dar suporte a esta operação.

Dória fazendo propaganda de si mesmo em Ribeirão Preto. Foto: Governo de SP.

Longe disso, desde os primeiros dias do ano ganhou “as páginas” da imprensa burguesa uma pretensa disputa entre Bolsonaro e Doria por conta da vacina. Primeiro foi a definição de um calendário de vacinação em que Doria, correu para ainda no fim de dezembro anunciar data para o começo da vacinação, sem que houvesse aprovação da vacina, sem que houvesse a conclusão dos estudos básicos sobre o medicamento etc. Depois veio a “disputa” entre Bolsonaro “o louco” que nega a vacina e estimula pessoas a não tomarem e o “civilizado e bem feitor” Doria que teria trazido a vacina aos brasileiros. Nada poderia estar mais distante de descrever o governador também genocida.

Doria correu para em 10 de janeiro os divulgar os resultados das pesquisas e testes da CorovaVac como satisfatórios, afirmando ter sido demonstrada a segurança e a eficácia geral da vacina em pelo menos 50,38%. O que sem dúvida coloca vários questionamentos sobre o medicamento que inicialmente havia sido anunciado com eficácia de 78%. Ou seja, foi apresentado com toda “pompa, fogos e ovação” a vacina que “salvaria o Brasil”, porém essa só garante metade da eficácia esperada.

Outro aspecto é o custo, o que estranhamente pouco se fala. Das vacinas disponíveis no Brasil, aprovadas só há a de Oxford/AstraZeneca e a CoronaVac, o custo é de 10,30 dólares por dose, cerca de 110 reais para as duas aplicações necessárias da vacina. Um custo cerca de 3 vezes maior que os 3,16 dólares da vacina de Oxford, que será distribuída e um dia reproduzida pelo Instituto Fiocruz. Ainda que se diga não seria possível deixar de adquirir o medicamento mesmo com um custo elevado, este aspecto não pode ser desconsiderado pelo agente público, até porque a demanda por vacinas para a COVID-19 continuará nos próximos anos.

Estas contradições precisam ser trazidas à tona, poia a campanha de marketing montada por Doria, tem entre outros objetivos, esconder os números completamente inaceitáveis da pandemia no Estado.

São Paulo é o centro da pandemia no país

São Paulo é responsável hoje por 19,2% dos infectados, 23,4% dos novos casos a cada 24h, 23,8% dos mortos de todos o país, sendo que possui cerca de 20% da população do país. Números que são resultado direto das ações criminosas do seu governo, como manter os trabalhadores sem ter acesso a praticamente nenhum tipo de isolamento e medidas de segurança, pegando transporte coletivo lotado diariamente. Forçando a reabertura de shoppings comércios e atividades que não têm nada de essencial, exceto o “essencial” lucro de seus parceiros capitalistas.

Apesar da propaganda, na prática, o trabalhador segue se infectando ao ter que pegar transporte lotado, por exemplo.

Logo após à reabertura total das atividades, em meados de agosto, sendo que a maioria paralisaram somente parcialmente, veio à reabertura das universidades e faculdades e as campanhas eleitorais, na qual Doria fez questão de deixar na mão dos prefeitos decidir se aderiam ou não à reabertura das escolas e das atividades, deixando o caminho aberto para os políticos municipais fazerem ampla demagogia com a pandemia e capitalizar eleitoralmente.

Ao longo dos meses da pandemia uma das palavras mais utilizadas no governo do Estado foram “um questão de ciência, uma questão técnica” para justificar a falta de medidas reais em relação à pandemia. Daí veio a piada Doria, o governador “científico”, aquele que com todo o apoio da imprensa burguesa golpista, utiliza um suposto critério científico para cometer uma atrocidade contra a população.

Para citar aqui alguns fatos recentes, é do governador científico a medida que restringiu o acesso gratuito ao transporte público em São Paulo e região metropolitana a idosos com menos de 65 anos, passando a gratuidade de 60 para 65 anos. Outro aspecto é a distribuição da vacina, das parcas doses inicialmente existentes. Ao invés de priorizar a população pobre, trabalhadora que está por culpa sua se expondo diariamente para ir trabalhar, Doria destinou parte das vacinas a hospitais privados, como o Albert Einstein, um local de acesso restrito à burguesia. Sobre este aspecto a única coisa que se sabe é que à priori deveriam ser vacinados os profissionais de saúde, mas visto a falta de preparo e controle, não se sabe de fato o que acontece.

Segundo que, entre a equipe de saúde de um hospital privado, um dos mais caros do país, os trabalhadores dos hospitais públicos e de unidades de atendimento emergencial, deveriam ter prioridade sobre os primeiros, sem dúvidas. Haja vista, as condições de trabalho serem melhores nestes hospitais destinados a atender a burguesia.

Mais “competente” que Bolsonaro

Doria é também é um dos políticos da direita, se não for o que mais privatizou no país. Desde seu mandato como prefeito de São Paulo, já privatizou vários parques, empresas de serviços públicos essenciais, equipamentos públicos de lazer como praças, ginásios como o Ibirapuera, e está com tudo pronto, aprovado pela Alesp para privatizar em 2021 mais de 100 empresas estatais como a CDHU, EMTU, Instituto Florestal, o Zoológico da capital, hidrovias etc.

Ou seja, a sua eficácia para privatizar é muito superior à do Bolsonaro, o qual é criticado pela burguesia e até pelo próprio PSDB por não avançar com as privatizações prometidas. Bolsonaro desde que assumiu o governo, promete privatizar os Correios, Banco do Brasil, portos, aeroportos e outras dezenas de estatais, mas de fato não conseguiu nem 5% disso.

Doria privatizou estádios, parques, hidrovias, várias empresas públicas. Campeão de privatização.

Outro aspecto importante a ser esclarecido numa comparação entre Doria e Bolsonaro é que o “governador científico” possui o perfil que a burguesia monopolista nacional e internacional deseja para um político na presidência do país. Uma pessoa de confiança dos mercados financeiros e dos monopólios, que não coloque em risco as suas atividades especulativas, utilizando a força dos monopólios da imprensa para fazer propaganda da ideologia dominante da burguesia, atraindo para seu lado, setores dispersos e desorganizados e, utilizando a força da repressão estatal justificando os crimes da ação fascista das polícias com uma retórica perfeita para atrair, inclusive setores da esquerda pequeno burguesa que controlam, de certa forma, organizações da classe operária.

A frente ampla quer um Doria

A política da frente ampla tocada pela direita em que a esquerda pequeno burguesa faz questão de entrar cabeça, visa balizar o cenário político brasileiro buscando eliminar a polarização gerada, em grande medida, pelo golpe de Estado de 2016, numa operação para retirar do “palco” da vida política nacional principalmente o ex-presidente Lula e em menor medida o próprio Bolsonaro.

A frente ampla, que une direitistas golpistas e fascistas contra o fascista Bolsonaro, agora quer Doria, um Joe Biden brasileiro.

No Brasil, a operação visa manipular o cenário político buscando dar-lhe um caráter de moderação, de um falso “equilíbrio” utilizando a panaceia de “luta pela democracia” para ressuscitar as forças do velho centro político, que perderam espaço nos últimos anos, utilizando para isso o prestígio do voto popular que setores da esquerda ainda preservam em alguma medida.

Assim, a figura de João Doria, está sendo preparada por setores da burguesia local para ser o Jon Biden brasileiro e, neste sentido, assim como este diário vem destacando quanto à política muito mais belicosa e potencialmente pior que seu governo aplicará nos EUA e no mundo, um governo de um político como Doria, que reuniria os setores mais poderosos da burguesia brasileira e internacional, também tem o potencial de ser várias vezes pior que o claudicante Bolsonaro, o qual é cada dia mais, ainda que de forma parcial, questionado pelos capitalistas por não levar a cabo a política de destruição nacional para qual foi lançado ao poder.

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