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Eis a luta contra o fascismo

Senadores do PT apoiam Bolsonaro e a Globo

Após declararem voto no candidato de Bolsonaro, senadores petistas pedem a bênção ao monopólio da família Marinho

Na última sexta-feira (15), o perfil no Twitter do PT no Senado publicou o seguinte comentário: “William Bonner fez um desabafo emocionante no Jornal Nacional. Bonner defendeu o jornalismo profissional e criticou a gestão da pandemia no Brasil. Assista!”, acompanhado do vídeo do apresentador da Rede Globo.

Em primeiro lugar é curioso que políticos tão experientes como senadores, “macacos velhos” da política nacional, acreditem ingenuamente no “desabafo emocionante” de um apresentador da Globo, cujos telejornais são tão encenados como as telenovelas. Tudo não passa de encenação na Globo, incluindo as performances dos jornalistas.

Em segundo lugar, causa espécie que os petistas também acreditem que a Rede Globo defende o “jornalismo profissional”, logo ela que é a maior produtora de mentiras da história do País, sendo boa parte dessas mentiras contra o próprio PT, vide o golpe de 2016 e a prisão de Lula.

Esse apoio explícito à Globo é motivado pela suposta luta contra Bolsonaro, na qual todos que estariam, de alguma maneira, contra o presidente ilegítimo, deveriam se unir em uma grande frente ampla. Assim, seria preciso unificar PT, PCdoB, PSOL com PSDB, DEM, MDB, Globo, Moro, Biden, Ford e toda a corja mais rasteira da política nacional e internacional em nome da “luta contra o fascismo”.

Mas não seria uma aliança igualitária. A esquerda, o elo mais fraco nesse frente, que só tem o apoio dos trabalhadores e cuja política de alianças com a direita afastaria esse apoio, ficaria inevitavelmente refém da política da direita. E já dá grandes mostras dessa dependência. Ora, um louvor como esse à Rede Globo dificilmente seria retribuído. A esquerda apoia a direita, e apoia sem nenhuma contrapartida minimamente decente. É claro que essa contrapartida é impossível: a frente ampla, embora comporte a esquerda, é menos um instrumento da burguesia para derrotar o fascismo do que para derrotar a própria esquerda e o movimento operário.

A posição dos senadores petistas, no entanto, vai mais além. O louvor expresso no tuíte é como um pedido de bênção para a Rede Globo. É como uma senha que eles estariam usando, a fim de demonstrar para a burguesia golpista que ela pode confiar neles para os seus planos.

O oportunismo e carreirismo desse setor do PT fica notório quando observado o fato de ter anunciado o apoio ao mesmo candidato que Bolsonaro apoia para a presidência do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM). A justificativa? Pacheco, apesar de apoiado por Bolsonaro, não seria tão “estapafúrdio”, como disse Humberto Costa, o mesmo senador petista que falou às Páginas Amarelas da Revista Veja que era preciso “virar a página do golpe” e que boicotou a candidatura do próprio partido à prefeitura de Recife em benefício da direita.

Se na Câmara dos Deputados o apoio do PT a Baleia Rossi (MDB) teve como desculpa o combate ao candidato apoiado por Bolsonaro, Artur Lira, isso já não serve para o Senado. Se na Câmara os parlamentares petistas ainda conseguiram fazer mil e um malabarismos para enganar sua base partidária, no Senado cai por terra o mito da “luta contra o fascismo”. Não que esse mito já não estivesse abalado, uma vez que Baleia votou a favor de 90% dos projetos do governo, sendo, nesse sentido, mais governista que o próprio Lira, que apoiou 88%.

Portanto, é possível concluir que, no Congresso Nacional, tanto os deputados como os senadores do PT estão apoiando o governo Bolsonaro, embora garantam que estejam lutando contra ele.

Este é o resultado da frente ampla com a direita dita “democrática”, “civilizada”, “científica”: o fortalecimento de Bolsonaro. Por quê? Ora, porque essa direita tem, em última instância, a mesma política de Bolsonaro, foi ela quem o colocou no governo e é ela quem o sustenta. Além de terminar por sustentar o governo Bolsonaro, essa política da esquerda a distancia das massas trabalhadoras, que veem o PT fazendo acordos com os mesmos partidos que o derrubaram do governo, com os maiores bandidos da história recente da política brasileira, com os grandes inimigos dos trabalhadores. Conquistar a confiança da burguesia – que é o desejo da ala direita petista – tem como consequência inevitável a perda da confiança das massas.

É preciso entender, por último, que essa política tem um objetivo muito concreto e, ao mesmo tempo, absurdamente repugnante: a conquista de cargos. A ala direita do PT é composta principalmente por burocratas e carreiristas que utilizam a poderosa máquina partidária para galgar posições no Estado burguês buscando ganhos pessoais. Afinal, quem não gostaria de receber o salário de um senador?

É publicamente conhecido que o PT apoiou Baleia na Câmara e Pacheco no Senado para que seus parlamentares obtenham cargos em Mesas, comissões, relatorias e demais instâncias dessas casas. Ou seja, conquistar posições de destaque, aumentando seu prestígio e possibilitando, assim, uma blindagem maior, uma proteção maior de seu próprio status e de sua função burocrática a serviço do Estado. Porque, embora haja raríssimas exceções de parlamentares que procuram defender algum interesse popular através da tribuna do Congresso, o parlamento no Estado burguês não passa, via de regra, de um espaço de criação de parasitas que negociam sua ascensão ou permanência nos cargos, deixando completamente de lado as reivindicações da população.

O posicionamento dos senadores do PT, votando no candidato de Bolsonaro e louvando a Rede Globo, evidencia a sua completa integração ao regime político dominado pelos golpistas. Demonstra, está claro, que não existe nenhuma luta contra o golpe, contra a direita e, muito menos, contra o fascismo. Pelo contrário, com esses o que há é uma colaboração.

A política levada a cabo pelos senadores, expoentes da ala direita do PT, encabeçados por Humberto Costa, revela uma vez mais a inocuidade da luta parlamentar, que na verdade não é nenhuma luta e sim mera retórica que esconde por trás um acordo com os setores golpistas.

Se existe alguma disposição de luta contra Bolsonaro, é preciso levar adiante e na prática a palavra de ordem Fora Bolsonaro – e todos os golpistas! Isso só será possível, não no Congresso, onde os pedidos de impeachment são controlados pela direita, mas nas ruas. A esquerda precisa deixar de pedir a confiança da burguesia e confiar no povo, na base petista de milhões de trabalhadores, nos sindicatos e movimentos sociais. É preciso mobilizar a CUT, o MST e as demais organizações populares para passar por cima de Bolsonaro e de toda a direita golpista que o sustenta no poder e que, se não conseguir substituí-lo por algum candidato da Rede Globo, irá mantê-lo na presidência após 2022.

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