Na última terça-feira, dia 3, o Senado aprovou o projeto de lei que prevê a chamada “autonomia” do Banco Central. Agora, a proposta, que veio do governo Jair Bolsonaro, segue para a aprovação da Câmara dos Deputados.
Esse é o desejo antigo dos grandes capitalistas e especuladores internacionais, que agora poderão com maior facilidade colocar as mãos no Banco Central. O principal ponto do projeto prevê um mandato de quatro anos para os diretores da instituição. A burguesia apresenta a decisão como uma liberdade para o BC, ou nas palavras cínicas dos capitalistas, “blindá-lo de pressões político-partidárias.”
Esse é mais um crime que os golpistas estão procurando colocar em prática contra o povo brasileiro. No caso do Banco Central, é muito mais do que a entrega de uma riqueza nacional como acontece com as privatizações, é a entrega de toda a economia nacional nas mãos de um punhado de capitalistas.
O Banco Central não será mais uma expressão da política do governo, ou seja, por mais distorcido que seja o processo democrático no Brasil, fato é que se a população elegeu tal governo, o natural é que o Banco Central obedeça à política escolhida pelo povo.
O que os capitalistas desejam é manter o controle absoluto do Banco Central independentemente do governo de plantão. Nesse sentido, um governo mais nacionalista e mais à esquerda perderia totalmente o controle sobre os rumos do BC e da economia nacional.
Quando a burguesia afirma cinicamente que o BC está livre de “pressões político-partidárias” ela quer dizer que a única política possível para a instituição será a sua própria, ou seja, os interesses dos setores mais poderosos do imperialismo mundial.
Se hoje o Banco Central e a economia brasileira já é subserviente a esses interesses, o projeto que dá autonomia ao BC oficializa o domínio dos capitalistas internacionais, contra os interesses da maioria do povo.
A burguesia que a esquerda pequeno-burguesa classificou de “civilizada” em comparação a Bolsonaro está apoiando sem restrições mais esse crime contra o povo. Na realidade, mais precisamente, a chamada “autonomia” do Banco Central é uma política dos setores “civilizados” da direita. Bolsonaro está apenas cumprindo as ordens da burguesia.
Tanto é assim, que a imprensa golpista comemorou a aprovação no Senado. O Globo, Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo apoiam a medida. Em seu editorial dessa sexta-feira, dia 6, o porta-voz da burguesia mais poderosa do País, o Estadão afirma que a autonomia é “necessária”. Segundo o editorial, “o projeto enfim aprovado pela maioria dos senadores proporciona as condições essenciais à modernização – ou normalização – institucional do BC.”
Na linguagem da direita, “modernização” deve ser traduzida como a entrega da riqueza nacional para os capitalistas, de preferência se foram os capitalistas internacionais. Em crise, o imperialismo precisa parasitar ao máximo a economia dos países e para isso precisa obter o controle cada vez mais rígido dessas instituições. Mais uma vez o povo brasileiro tem sua riqueza entregue aos parasitas por Bolsonaro e toda a direita golpista.