Por meio de um decreto completamente absurdo, o presidente golpista e de extrema-direita, Jair Bolsonaro, excluiu 13 representantes da sociedade civil e especialistas do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas, os especialistas excluídos são: Assistente Social, Antropólogo, Médico, Jurista, Psicólogo, Educador, Enfermeiro, Jornalista, Cientista. Essa medida do governo conservador mostra que eles não querem tratar a questão das drogas como deve ser tratada, como questão de saúde pública, mas, sim, com repressão e medidas embasadas em tudo, menos na ciência e na realidade existente.
Quem fica no Conselho, presidido pelo igualmente golpista e capacho dos EUA, Sérgio Moro, são ministros como a alucinada Damares, que gosta de passar seu tempo afirmando que personagens de desenhos animados são lésbicas. Fica também o Ministro da Educação, Weintraub, que gosta de protagonizar vídeos com chocolatinhos e contas de porcentagem erradas. Quem passa a integrar esse conselho é Osmar Terra, ministro da cidadania, que afirmou que a fome não é um problema grave no Brasil
Todas as chances que esse Conselho tinha de ter peritos e especialistas, foram por água à baixo quando os golpistas assumiram o governo. Todos eles já deixaram claro que a política deles é higienista e de total repressão, embasados num falso moralismo e cinismo religioso. Quem mais sofre no meio dessa guerra às drogas são os jovens pobres e negros, constantemente reprimidos e tratados de forma totalmente desumana.
Paulo Aguiar, representante do Conselho Federal de Psicologia, um dos conselheiros excluídos, afirma que “Infelizmente a gente não vai mais visualizar isso como política pública porque hoje todo o investimento do governo é para beneficiar entidades privadas ligadas às comunidades terapêuticas e a instituições religiosas”. Os programas sobre drogas estão todos tendo seus investimentos cortados e no lugar, as comunidades terapêuticas têm ganhado o lugar. As comunidades terapêuticas são instituições privadas, ligadas à igrejas, onde dependentes químicos, incluindo adolescentes, o que é totalmente proibido, são internados e os métodos de tratamento passam por castigos físicos e humilhações, trabalho forçado e alta dosagem de remédios.
Os adolescentes passam pelos mesmos tratamentos que os adultos, como carregar blocos de construção para novos cômodos das comunidades terapêuticas e ações como tomar banho na hora errada têm como castigo ficar alguns dias em um quartinho de 6m², nus, sem banheiro e sem qualquer infra-estrutura.
Nos últimos 5 anos, essas comunidades terapêuticas – que não passam por nenhuma fiscalização sistemática – receberam cerca de 250 milhões do governo federal, é um verdadeiro negócio lucrativo que explica as medidas reacionárias na política de drogas. O próprio Osmar Terra, que ganhou uma cadeira no conselho, afirmou que a meta agora é contratar mais 20 mil vagas nessas comunidades terapêuticas, triplicando os gastos do governo federal numa política ineficaz.
Os jovens pobres são os principais alvos dessas comunidades, acabam lá muitas vezes pela fragilidade financeira de seus famílias e muitos possuem problemas psicológicos que nada têm a ver com drogas. Estão usando a juventude negra e pobre para lucrar, atropelando completamente o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), praticando diversas violações dos direitos humanos, enfim, torturando jovens que o próprio Estado deixou de lado.